Investiga-se a população desassistida com mais de 50 anos, identificando poucas opções de produtos financeiros, como cartões de crédito e benefícios prateados, para a economia.
O mercado de fintechs no Brasil experimentou um crescimento significativo nos últimos anos, sendo que o ano de 2020 foi marcado pela expansão dos serviços digitais, tornando-se um novo padrão de atendimento e oferecendo mais em suas linhas de produtos e serviços.
Com a evolução da tecnologia, as fintechs estão se tornando cada vez mais essenciais para o mercado financeiro, oferecendo inovações que permitem uma maior eficiência e redução de custos. Desde a criação da primeira fintech no Brasil, em 2011, até os dias atuais, essas empresas têm sido responsáveis pela modernização do setor financeiro, oferecendo soluções digitais para os bancos e outros atores do mercado.
Oportunidades Ocultas: A Fintechs e a Economia Prateada
Apesar da expansão das fintechs e dos bancos digitais na América Latina e no Caribe, uma parcela significativa da população, conhecida como a ‘geração prateada’, permanece subatendida. De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Data8 em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID Invest e BID Lab, os bancos digitais receberam 200% mais clientes, incluindo pessoas com mais de 50 anos, somente nos primeiros meses da pandemia de covid-19. No entanto, 75% das pessoas com mais de 50 anos ainda utilizam contas bancárias tradicionais, enquanto apenas 15% estão utilizando serviços bancários digitais.
A geração prateada, caracterizada pela experiência e credibilidade, é uma parcela importante da população que pode ser atendida pelos bancos digitais. ‘É esperado que os clientes mais velhos estejam nos bancos mais tradicionais, especialmente quando tratamos do tema pela ótica da credibilidade’, afirma Layla Vallias, cofundadora da Data8 e coordenadora da pesquisa. No entanto, ‘o público maduro está aberto a novas marcas e pouco tem sido olhado pelos bancos digitais, que estão focados na Geração Z e nas crianças’.
A pesquisa identificou um contingente incipiente de iniciativas dos bancos digitais para o público prateado, como linhas de crédito e cartões de benefícios. Isso reflete o estágio atual das fintechs nos países pesquisados, que ainda estão começando a atender essa parcela da população.
Um dado importante apresentado no relatório é que 40% das pessoas com 50 anos ou mais e renda de até dois salários mínimos mensais não possuem nenhum produto financeiro. Isso destaca as desigualdades importantes no índice bancário, como acesso, utilização, nível de serviço e conhecimento dos produtos financeiros.
‘Ainda assim, os bancos digitais e as fintechs pouco têm olhado para essa parcela de consumidores’, afirma Vallias. ‘Se os bancos digitais considerarem esse público para testes de produtos e de serviços há muito a se ganhar porque se o produto é bom pra economia prateada, é bom para todos’.
A coordenadora da pesquisa destaca que o momento para os bancos aprenderem a desenhar produtos para o público mais velho é agora, já que a primeira geração dos millennials está chegando aos 40 anos e é a geração com mais dinheiro, acima da economia prateada.
‘Hoje, os bancos digitais são referência para a região e se destacam no quesito usabilidade, mas ainda há espaço para uma maior adaptação afim de aumentar a facilidade para os brasileiros mais maduros’, observa Vallias.
Em resumo, as fintechs e os bancos digitais têm uma oportunidade significativa de atender a parcela da população conhecida como a ‘geração prateada’. Com um olhar mais atento para essa parcela da população, as fintechs podem aumentar sua base de clientes e contribuir para uma economia mais inclusiva.
Fonte: @ Valor Invest Globo