O levantamento avalia custos das ações policiais nas ruas, burocracia e encarceramento relacionados à guerra às drogas.
A receita pública é limitada, e o dinheiro é escasso para resolver os problemas sociais e econômicos do país. No entanto, o gasto com segurança pública é um dos mais altos do mundo, o que dificulta a implementação de políticas que efetivamente combatam o crime organizado.
Um exemplo disso é a guerra contra as drogas, que é uma das áreas mais caras para o Estado. A Bahia gasta mais do que o Rio de Janeiro no combate às drogas, apesar de ser um estado com uma economia declinante. Isso gera um ciclo de pobreza e violência, que é difícil de quebrar. Além disso, a proibição tem impactos devastadores, principalmente para a juventude negra e periférica, que são as mais afetadas pela violência e pela pobreza. É preciso encontrar uma solução que combine a segurança pública com a redução da pobreza e da violência, e que não dependa apenas de um bilionário ou de um golpe de estado.<p
Corrupção e sobreinvestimento em operações policias
Em uma sociedade marcada por preocupações com o dinheiro e a segurança, é curioso notar como a repressão às drogas em São Paulo usa uma fatia significativa do seu orçamento, que poderia ser investido na educação, suspensa por operações nas periferias. Uma escola estadual, por exemplo, custou R$ 5,5 milhões, dinheiro que poderia ter construído outras 679 unidades de ensino, e juntando mais cinco estados, essas unidades seriam 954, com o valor total gasto em São Paulo no ano passado.
Uso de recursos financeiros públicos
Com dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, a pesquisa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) revela que mais da metade do valor total foi direcionado para as polícias militares e os sistemas penitenciários, totalizando R$ 7,7 bilhões, o que poderia manter 396 UPAs por um ano no estado de São Paulo, e incluindo a Bahia, que gastou mais do que o Rio de Janeiro, além do Distrito Federal, Santa Catarina e Pará.
Priorização de polícias e sistemas penitenciários
A maioria das informações foi obtida por meio da Lei de Acesso à Informação, e os resultados compõem o quadro de gastos, destacando a priorização de recursos para a repressão às drogas. Julita Lemgruber, coordenadora do CESeC e do projeto Drogas: Quanto Custa Proibir, destaca que a guerra às drogas se assemelha a uma jogada de bumerangue amadora e sem estratégia, mas o objeto aqui é um montante bilionário de dinheiro público, que se volta contra a população, com impactos devastadores, principalmente para a juventude negra e periférica.
Dados inquietantes sobre o sistema de justiça
Os seis estados considerados no levantamento gastaram em um ano quase R$ 1 bilhão para privação e restrição de liberdade de adolescentes punidos por atos infracionais em crimes previstos na Lei de Drogas (11.343/06). O fato de que, no Rio de Janeiro e em São Paulo, 40% dos adolescentes que estão nos sistemas socioeducativos foram enquadrados em crimes previstos na Lei de Drogas, é um dado inquietante. Em contrapartida, no Pará, a situação é inversa: apenas 3,9%.
Fonte: @ Terra