Taxa Selic sobe com valorização do dólar e insatisfação com pacote de corte de gastos, afetando custo do crédito e investimentos atrelados à economia do consumo.
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em aumentar os juros pode afetar negativamente a economia, pois torna mais caro o dinheiro emprestado e, consequentemente, aumenta a inflação.
Com a inflação em alta, o Banco Central aumentou os juros para contrair a demanda por crédito e controlar a Selic, o principal juro de longo prazo do país, que está acima do Copom a partir da próxima semana, e está próximo de 13,75% ao ano. Para os empreendedores, isso significa que os juros podem se tornar mais caros e, consequentemente, os juros em empréstimos podem ficar mais altos.
Expectativas de alta de juros após valorização do dólar
Os especialistas em economia estão antecipando uma escalada nos juros para conter a inflação, à medida que o dólar vê seu valor aumentar e o mercado reage com insatisfação ao pacote de corte de gastos do governo. Os juros são um mecanismo eficaz para controlar a inflação, aumentando o custo do crédito e desestimulando o consumo, o que por sua vez faz com que os preços diminuam. Recentemente, o Copom, o órgão responsável por estabelecer a taxa de juros, aumentou a Selic em 0,50 ponto percentual, levando-a a 11,25% ao ano. No entanto, as expectativas de inflação aumentaram, tornando provável outra escalada nos juros.
A Selic, taxa de juros básica da economia brasileira, pode subir ainda mais devido às expectativas de inflação crescente, marcadas pela forte valorização do dólar e pela insatisfação do mercado com a política fiscal do governo. O aumento dos juros é uma ferramenta crucial para controlar a inflação, pois ele aumenta o custo do crédito e desencoraja o consumo, o que leva a uma redução nos preços. O aumento da Selic em novembro, de 0,50 ponto percentual para 11,25% ao ano, foi seguido por uma elevação nas expectativas de inflação. Agora, a tendência é que os juros aumentem em pelo menos 0,75 ponto percentual, para 12% ao ano, segundo as previsões de 89 das 117 instituições consultadas pelo Valor. Outras 24 instituições esperam uma subida de 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. Só quatro expectam que o Copom mantenha a taxa da última reunião, de 0,50 ponto percentual, levando a Selic para 11,75% ao ano.
As expectativas dos especialistas são mais cautelosas do que as estimativas dos investidores no mercado de opções, conforme indicado pelo Termômetro do Copom. A probabilidade de subida da Selic de 0,75 ponto percentual é de 51%, levando-a a 12% ao ano, contra uma possibilidade de 40% de subida de 1 ponto percentual, para o nível de 12,25% ao ano. A expectativa média do mercado é que a Selic atinja 13,50% ao ano até o final de 2025.
Com as expectativas de juros mais altos, as aplicações de renda fixa devem oferecer taxas mais atraentes. Os especialistas recomendam aproveitar aplicações atreladas à Selic (como o Tesouro Selic) para resgatar o investimento a qualquer momento, especialmente os investimentos atrelados à inflação (como o Tesouro IPCA+) para os investidores que podem aguardar anos para fazer as retiradas. A alta nas expectativas de inflação e juros está impulsionando esses investimentos a oferecer taxas muito atraentes, de 7% ao ano mais a inflação, que são raras de se ver. Em contraste, os investimentos de renda variável tendem a perder atratividade com os juros nesse nível ou mais altos, o que significa que a bolsa demorará mais tempo para se recuperar.
Fonte: @ Valor Invest Globo