A moeda ainda não atingiu seu valor máximo ajustado pela inflação. Incertezas políticas e corte de juros impactam a cotação, com o diferencial de juros atuando sobre o pacote fiscal.
Na sessão de quarta-feira, o dólar atingiu uma nova máxima nominal, o valor de R$ 6,27, devido às incertezas com a aprovação do pacote de contenção de gastos pelo Congresso e temor de desidratação. A pressão sobre a moeda é intensa, fazendo com que os investidores procurem abrigo em valores estáveis.
À verdadeira máxima do dólar, ajustada pela inflação, não se atingiu ainda, apesar de o valor alcançado mostrar a sua principal força. A inflação continua a ser um motor importante para os movimentos do mercado, e a preocupação com o desempenho econômico do Brasil e dos Estados Unidos também influencia a variação do valor do dólar.
O Dólar e a Máxima Histórica Real
A verdadeira máxima histórica do dólar alcançou o valor de R$ 8.381 em 10 de outubro de 2002, sob influência das incertezas políticas e econômicas que antecederam as eleições presidenciais brasileiras de 2002, levando à ascensão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder. Para superar essa máxima, o valor do dólar deveria ser maior do que R$ 8.381 no presente, considerando a inflação brasileira (IPCA) e dos Estados Unidos (CPI), e não apenas a cotação nominal, registrada em novembro. A conta foi elaborada com base no dólar comercial e leva em consideração as variações de inflação em ambos os países.
A Ascensão do Dólar e a Depreciação do Real
O movimento de depreciação do real se intensificou logo após o Federal Reserve (Fed) anunciar um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, em consonância com as expectativas dos agentes de mercado, embora diminuam as expectativas de cortes nas taxas no ano seguinte. As taxas de juros mais altas nos Estados Unidos diminuem o diferencial de juros entre os dois países, o que prejudica o real. Durante esse período, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do projeto de lei complementar (PLP) do pacote fiscal por 318 votos a 149, com os partidos de oposição, PL e Novo, se posicionando contra a proposta.
O Pacote Fiscal e o Dólar
A versão aprovada foi a do deputado Átila Lira (PP-PI), relator do projeto, que desidratou parte das medidas propostas pela equipe econômica do governo Lula (PT). O pacote fiscal permanece como o principal motor do mercado cambial brasileiro, influenciando o valor do dólar. O deputado retirou do projeto os artigos que permitiam à União limitar o uso de créditos tributários por parte das empresas, caso o governo federal registrasse déficit primário a partir de 2025. Esse pacote fiscal segue como a principal variável que afeta a cotação do dólar, segundo Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas.
A Volatilidade do Dólar no Mercado
O mercado cambial brasileiro permanece volátil, com o valor do dólar subindo e descendo constantemente. Qualquer notícia negativa faz saltar o valor do dólar, enquanto avanços no Congresso tendem a reduzir a cotação com a mesma intensidade. A tendência é que o dólar continue a ser a principal motriz do mercado cambial brasileiro, influenciando as decisões de investidores e empresas que operam com a moeda.
Fonte: @ Valor Invest Globo