Pesquisa avaliou 22 mil profissionais em 174 empresas, com foco em flexibilidade, ética e práticas antiéticas no ambiente corporativo.
A corrupção tem se tornado um problema recorrente em diversas esferas da sociedade brasileira, afetando não apenas as instituições governamentais, mas também as empresas e as relações entre os indivíduos. A cultura de desonestidade e de favorecimento tem se tornado cada vez mais comum, desvirtuando os princípios de justiça e transparência.
É chocante o fato de que quase 75% dos profissionais brasileiros admitem que poderiam se deixar levar pela corrupção indireta, seja ao favorecer negócios de conhecidos ou receber vantagens indevidas para concluir um contrato. Além disso, a manipulação de dados também é vista como uma opção aceitável por muitos, especialmente quando se trata de maquiar resultados de uma empresa. Isso é um sinal claro de que a cultura de desonestidade está profundamente enraizada e que muitos indivíduos estão dispostos a transgredir as regras para alcançar seus objetivos. O assédio e a opressão também podem ser ferramentas utilizadas para controlar o comportamento dos outros e evitar que a corrupção seja descoberta.
Corrupção sobra em empresas brasileiras
Um estudo do Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental (IPRC) sobre a ética no setor privado aponta que a maioria dos profissionais não consegue resistir a comportamentos questionáveis nas empresas. Embora muitos tentem manter a integridade, a pesquisa revela que 47,6% dos profissionais brasileiros podem ser influenciados por corrupção corporativa, manipulação, assédio e discriminação.
Flexibilidade ética
A pesquisa analisou a capacidade de resiliência ética de 22,3 mil pessoas de 174 empresas. Os resultados mostram que, em média, 50,2% dos profissionais apresentam ‘flexibilidade ética’ quando confrontados com situações que envolvem corrupção corporativa, discriminação ou assédio. Isso sugere que muitos profissionais estão dispostos a comprometer seus valores sob certas circunstâncias. Para medir o nível de resiliência ética, a pesquisa aplicou testes a profissionais de todos os níveis hierárquicos, desde conselheiros e diretores a estagiários e analistas.
Práticas antiéticas
A pesquisa avaliou a capacidade dos profissionais enfrentarem sete práticas de risco: desvio de recursos, corrupção, manipulação de resultados, vazamento de informações, assédio moral, assédio sexual e discriminação. Os dados foram coletados a partir de entrevistas de vídeo e texto, em que os trabalhadores tinham que decidir como agir em situações simuladas. Os resultados mostram que muitos profissionais não são capazes de resistir a práticas antiéticas, especialmente em níveis hierárquicos mais iniciantes.
Vulnerabilidade aos riscos
Os resultados da pesquisa mostram que três em cada quatro profissionais sem experiência têm alta vulnerabilidade a práticas como favorecer empresas de amigos em contratos ou aceitar presentes em troca de decisões comerciais. Além disso, 56% dos profissionais de mais de 50 anos e 62% dos trabalhadores de até 29 anos poderiam realizar essas práticas em algumas situações.
Resiliência ética
A pesquisa classificou as respostas em três níveis, a partir da capacidade que os profissionais demonstraram de lidar com comportamentos antiéticos: alta resiliência (forte capacidade de manter decisões éticas), moderada resiliência (predisposição positiva, mas que falha sob cenários mais complexos ou de pressão) e baixa resiliência (quem tende a ceder na maioria dos casos). Os resultados mostram que apenas 41% dos trabalhadores resistiriam a situações de corrupção.
Fonte: @ PEGN