Especialistas alertam: dinâmica de inflação pode ser afetada por ajustes pontuais nos dados do setor de serviços, surpresas de hoje podem mudar as projeções anuais.
A divulgação do último resultado do IPCA surpreendeu de forma positiva, mostrando uma variação de 0,16%. Esse índice, utilizado como inflação oficial do país, ficou abaixo das previsões do mercado. A expectativa inicial era de que o IPCA fechasse em 0,24%, mas os números apresentados foram melhores do que o esperado.
Ao analisar o desempenho do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, alguns especialistas destacam o impacto de fatores sazonais nesse resultado inesperado. Mesmo com essa surpresa positiva, a discussão sobre o cenário econômico e as projeções futuras do IPCA continuarão gerando debates e análises entre os economistas.
Impacto do IPCA on Projeção das Estimativas de Inflação
A desaceleração observada em março pelos serviços subjacentes — grupo acompanhado de perto pelos analistas por razões de política monetária — é um ‘falso sinal’ de que a dinâmica de inflação está melhorando, avalia a estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril é aguardado com expectativa, seguindo a projeção das estimativas de analistas e especialistas do mercado financeiro.
Os serviços subjacentes apresentaram alta de 0,45%, praticamente em linha com o esperado por nós (0,46%). Como temos chamado a atenção, era esperado que esse grupo desacelerasse de forma mais contundente nessa leitura e ainda esperamos o mesmo para o IPCA de abril. Entendemos que isso será um falso sinal. E, a partir de maio, veremos a reaceleração acontecendo e deixando o risco, do grupo, encerrar o ano em 6%. Nossa projeção de subjacentes é de 5,70%. É importante manter um olhar atento para os ajustes pontuais que podem ocorrer ao longo do ano.
Ela também chama atenção para o fato de que, medida dessazonalizada e anualizada, o grupo de serviços subjacentes saiu de 5,65% para 5,62%, ao passo de que os serviços intensivos em mão de obra tiveram uma descompressão maior, passando de 6,47% para 6,27%. A dinâmica de inflação está sujeita a surpresas, como a surpresa de hoje com os números do IPCA, o que pode impactar nas projeções para o ano.
Reflexos do IPCA: Ajustes Pontuais e Projeções para o Ano
A Warren Investimentos visualiza o IPCA voltar a acelerar para 0,39% em abril e 0,30% em maio. Haverá ajustes pontuais, mas o curto prazo não deve alterar de forma relevante. O ano pode ter mais ajustes, incorporando a surpresa de hoje, o efeito da MP da Eletrobras e um possível reajuste na gasolina. Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, destaca que a dinâmica inflacionária atual não altera a visão do banco para a Selic em junho.
Segundo Mesquita, o comportamento dos itens de serviços mais ligados à mão de obra ainda é motivo de preocupação, porém, a divulgação do IPCA de março trouxe aspectos benignos. A dinâmica de inflação continua sendo monitorada de perto, impactando as projeções para o ano. O Itaú projeta corte de 0,50 ponto percentual da Selic em junho, com a taxa chegando a 9,25% ao fim do ciclo.
O cenário econômico segue sendo influenciado pela política monetária do Banco Central, que tem papel crucial no processo de desinflação brasileiro. Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, destaca a queda da inflação em 12 meses e ressalta que a política monetária está surtindo efeito positivo, mantendo a tendência de desinflação. A atuação do BC e a dinâmica de inflação continuarão sendo determinantes para as perspectivas futuras do mercado.
Fonte: @ Valor Invest Globo