Experimentos com camundongos infectados por gripal viruses apresentaram menor concentração de vírus e inflamação quando receberam suplementação de IPA (molécula produzida naturalmente), marcadores clínicos de inflamação reduzidos, metabolitos microbiota ativos e células hospedeiro menos afetadas. (Infecção gripal, epidemias, animais de laboratório, ácido indol-3-propiônico)
Uma molécula produzida naturalmente no intestino pode desempenhar um papel crucial na prevenção e tratamento da gripe. Essa substância, naturalmente fabricada no intestino, demonstrou ser eficaz no combate a esse vírus.
Além disso, a microbiota intestinal e as bactérias presentes desempenham um papel fundamental na produção dessa molécula produzida no intestino. Essa relação complexa entre os microrganismos e a saúde do hospedeiro tem sido objeto de pesquisa intensa nas últimas décadas. A interação entre os elementos da flora intestinal pode influenciar diretamente a capacidade de produção dessa substância.
Estudo promissor sobre a molécula produzida no intestino
É revelador o estudo recentemente divulgado na revista Gut Microbes por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Instituto Pasteur de Lille, na França. Experimentos com camundongos indicaram uma redução nos níveis da molécula produzida naturalmente, ácido indol-3-propiônico (IPA), durante a infecção por vírus gripal da variante H3N2.
Benefícios do IPA durante infecção viral
A adição de uma forma sintética do IPA aos animais infectados resultou em uma diminuição significativa da carga viral e da inflamação nos pulmões, apontando para possíveis benefícios no tratamento ou prevenção da infecção por vírus gripal, que frequentemente desencadeia epidemias de grandes proporções. Entretanto, ressalta o professor Marco Vinolo, do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, são necessárias mais pesquisas para validar esses achados em humanos e compreender melhor a ação do IPA.
Detalhes do estudo e perspectivas futuras
Este estudo foi conduzido no âmbito do projeto que analisa os mecanismos moleculares envolvidos na interação de metabólitos microbiota e células hospedeiro durante inflamação, com apoio da FAPESP. A pesquisa envolveu experimentos com animais coordenados por François Trottein, do Pasteur, na França, seguidos por análises utilizando bioinformática na Unicamp e experimentos adicionais no Instituto Pasteur.
Explorando as descobertas através de múltiplas camadas de dados
Vinicius de Rezende Rodovalho, autor principal do estudo, ressalta a abordagem multifacetada que incluiu a metagenômica para identificar as bactérias presentes no intestino, a metabolômica para avaliar os metabólitos secretados pela microbiota e marcadores clínicos da doença. Essa análise integrada revelou um papel crucial para o IPA, levando a experimentos complementares com resultados promissores.
O potencial terapêutico do IPA e sua origem
O ácido indol-3-propiônico é produzido pelas bactérias da microbiota intestinal a partir do processamento do triptofano, um aminoácido essencial encontrado em alimentos como soja e trigo. A capacidade do IPA de modular a resposta imune durante infecções virais, como a gripe, abre caminho para novas abordagens terapêuticas com base em substâncias provenientes do próprio organismo.
Fonte: © CNN Brasil