Doenças crônicas agravam taxas de mortalidade no Brasil devido a fatores como desigualdades no acesso a diagnósticos e envelhecimento populacional, especialmente doenças cardíacas e respiratórias.
Há 20 anos, o câncer era considerado a principal causa de morte no Brasil. Porém, as estatísticas mostram que, atualmente, em 2022, o câncer é a segunda causa de morte no país, perdendo espaço para as doenças do coração e do sistema circulatório. Ele ainda é um grande problema de saúde pública.
Com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as causas de morte mais comuns no Brasil são: doenças do coração e do sistema circulatório, câncer, acidentes e doenças infecciosas. É notável que a não adoção de medidas preventivas ainda é uma causa comum de morte, como também é o caso de doenças infecciosas, que podem ser evitadas com a vacinação e o uso de preservativos. Em 2022, o Brasil registrou 1.947.000 óbitos, com uma taxa de mortalidade de 886,8 a cada 100.000 habitantes.
Câncer: um Desafio Demográfico e Epidemiológico no Brasil
Entre 2019 e 2023, o crescimento das mortes por câncer atingiu 7,7%, destacando-se como uma das principais causas de óbito, ao lado de doenças do aparelho circulatório, causas externas (como violência e acidentes) e infecções respiratórias. Com 15,8% da população brasileira acima de 60 anos, o envelhecimento é um dos principais motores do aumento de doenças crônicas, como câncer e problemas cardíacos. A expectativa de vida ao nascer chegou a 76,4 anos em 2023, enquanto a taxa de fecundidade total caiu para menos de dois filhos por mulher. Esse cenário reflete a transição demográfica e epidemiológica do país, onde doenças none agora superam, em número de óbitos, condições infecciosas que antes dominavam o panorama.
Esse crescimento é associado ao envelhecimento da população brasileira, que está se dando de forma muito mais rápida em comparação a outros países, destaca o analista socioeconômico do IBGE, Jefferson Mariano, que também ressalta que as neoplasias malignas tiveram crescimento em todas as faixas etárias, mas o impacto é mais evidente nos idosos. O câncer é um dos principais desafios do sistema de saúde brasileiro.
Desigualdades no acesso à saúde O impacto das causas externas, como violência e acidentes, expõe desigualdades marcantes na saúde brasileira. Entre homens pretos ou pardos, por exemplo, a taxa de mortalidade por causas externas até os 44 anos é 2,7 vezes maior que entre homens brancos. Já entre as mulheres, as disparidades se manifestam em doenças crônicas: mulheres brancas apresentam maior mortalidade por câncer entre 30 e 69 anos, enquanto doenças do coração são mais frequentes nas pretas e pardas. O acesso à saúde é um desafio constante no Brasil, onde as desigualdades sociais afetam a mortalidade.
Episódios de violência policial e outras formas de agressão estrutural são indicadores do impacto das desigualdades sociais na mortalidade já que atingem desproporcionalmente a população preta e parda, exemplifica Mariano. A infraestrutura de saúde também apresenta desafios regionais e econômicos. Apesar do aumento de 30% no número de tomógrafos entre 2019 e 2023, segundo o IBGE, a distribuição desses equipamentos permanece desigual. Estados como o Acre e Roraima têm índices muito inferiores à média nacional, dificultando diagnósticos precoces de doenças como o câncer. Além disso, houve uma redução de 19,3% nos leitos hospitalares da rede privada. A falta de equipamentos e infraestrutura afeta o tratamento das doenças crônicas.
Infraestrutura de saúde: desafios regionais e econômicos A infraestrutura de saúde brasileira enfrenta desafios significativos. A distribuição de equipamentos, como tomógrafos, permanece desigual, afetando a capacidade de diagnóstico preciso de doenças como o câncer. Estados como o Acre e Roraima enfrentam grandes desafios em termos de infraestrutura de saúde. Além disso, a rede privada de saúde apresentou uma redução de 19,3% nos leitos hospitalares. A falta de leitos hospitalares e equipamentos afeta a capacidade de tratamento das doenças crônicas.
Impacto das infecções e da pandemia de covid-19 Doenças respiratórias, como gripe e pneumonia, continuam sendo causas frequentes de morte no Brasil, especialmente entre idosos e crianças. Entre 2019 e 2023, a covid-19 também deixou sua marca na mortalidade geral, causando um aumento expressivo de óbitos por doenças virais, que cresceram mais de 5.900% no período analisado. A pandemia sobrecarregou o sistema de saúde e atrasou diagnósticos e tratamentos de outras doenças. O impacto da pandemia é evidente em todo o país.
Fonte: @ Veja Abril