Crianças nascidas durante a pandemia têm menor contato externo, o que impacta seu sistema imunológico e reduz o desenvolvimento de doenças e alergias.
Uma análise divulgada no periódico científico JAMA Pediatrics revelou que crianças nascidas durante os primeiros seis meses da pandemia apresentaram menos casos de infecções respiratórias e febre em comparação com aquelas nascidas antes do surto. O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo, no Brasil.
Essas descobertas podem contribuir para o entendimento dos impactos da pandemia não apenas na saúde global, mas também no desenvolvimento de crianças em diferentes contextos de crise sanitária. É essencial continuar investigando os efeitos de longo prazo desse cenário inédito para garantir a proteção e o bem-estar das gerações futuras.
A influência da pandemia no desenvolvimento da microbiota intestinal em bebês
A hipótese é que o menor contato com o mundo externo e, consequentemente, com menos bactérias que causam doenças, fez com que essas crianças desenvolvessem uma microbiota intestinal melhor do que a dos bebês que nasceram antes da pandemia.
Além disso, os ‘bebês pandêmicos‘ tiveram menos infecções causadas por bactérias e, consequentemente, fizeram menor uso de antibióticos.
Também foram beneficiados por uma maior duração na amamentação, já que o leite materno é um dos grandes responsáveis pelo fortalecimento do sistema imunológico nesta fase da vida.‘Um resultado fascinante é que, devido à redução das exposições humanas e à proteção contra infecções, apenas 17% dos bebês necessitaram de antibióticos até um ano, o que se correlacionou com níveis mais altos de bactérias benéficas, como as bifidobacterium.
O estudo forneceu um rico repositório de dados, os quais continuaremos a analisar e investigar no futuro.’, comentou o Professor Liam O’Mahony, Investigador Principal do APC Microbiome Ireland e Professor de Imunologia no University College Cork.Para o estudo, foram analisados exames de fezes de 351 bebês dos dois grupos e essas crianças serão novamente avaliadas quando completarem cinco anos para continuar a investigação das diferenças do sistema digestório dos bebês nascidos durante a pandemia.
Benefícios dos bebês pandêmicos em meio à crise sanitária
A pandemia trouxe consigo mudanças significativas no estilo de vida da população mundial, principalmente nos três primeiros meses de vida dos bebês. Com um menor contato com o mundo externo, essas crianças puderam desenvolver uma microbiota intestinal mais saudável, resultando em menos infecções e menor uso de antibióticos.
O aumento da duração na amamentação foi identificado como um fator chave para o fortalecimento do sistema imunológico, proporcionando uma maior proteção contra exposições humanas e bactérias prejudiciais.
Os bebês nascidos durante a pandemia demonstraram uma necessidade significativamente menor de antibióticos nos primeiros anos de vida, refletindo em um equilíbrio mais saudável de bifidobacterium em sua microbiota intestinal.
Fonte: © CNN Brasil