Eleições pós-protestos pela morte de Mahsa Amini. Destaque para debate do código de vestimenta iraniano. Participação da Frente Reformista e campanha pela abstenção.
O governo do Irã informou que a participação nas eleições parlamentares de sexta-feira atingiu o patamar de 41%, o que representa uma queda em relação ao histórico de participações anteriores. Dos 61 milhões de eleitores aptos a votar, cerca de 25 milhões compareceram às urnas, conforme divulgado pelo ministro do Interior, Ahmad Vahidi.
Essa baixa participatividade dos eleitores pode ser reflexo de diversos fatores, como falta de envolvimento com o processo político ou desinteresse nas propostas apresentadas pelos candidatos. É essencial que haja um maior engajamento da população nas decisões que impactam diretamente o futuro do país, promovendo assim uma sociedade mais participativa e ativa no cenário político.
Campanha pela abstenção durante as Eleições
As eleições mais recentes no Irã foram marcadas por um clima de controvérsia e descontentamento, principalmente devido à série de protestos ocorridos após a trágica morte da jovem curda Mahsa Amini, em setembro de 2022, que faleceu enquanto estava sob custódia por supostamente infringir o código de vestimenta iraniano. Essas eleições foram um teste crucial para o governo, com diversos candidatos moderados e reformistas sendo desqualificados.
A coalizão de partidos reformistas, conhecida como Frente Reformista, chamou atenção ao anunciar que não participaria das eleições, considerando-as sem significado devido às desqualificações de seus candidatos. Nesse cenário, a principal preocupação era a participação do eleitorado, com grupos contrários ao regime promovendo ativamente uma campanha pela abstenção, como forma de protesto.
Parlamento e Assembleia de Peritos sob controle conservador
Com o boicote de parte dos eleitores e do espectro político mais moderado, o resultado das eleições foi a consolidação do controle dos partidos conservadores e ultraconservadores no Parlamento. Com a eleição de 290 deputados e 88 membros da Assembleia de Peritos, espera-se que as posições mais rígidas em relação aos valores da República Islâmica sejam amplamente apoiadas.
Embora estimativas apontem para a eleição de apenas 45 deputados reformistas ou centristas, o número de cadeiras que precisarão de um segundo turno mostra que a divisão política no país continua presente. A Assembleia de Peritos, composta por líderes religiosos, também seguirá uma tendência conservadora, o que pode ter um impacto significativo no processo de nomeação do próximo líder supremo no Irã. A participação ativa dos cidadãos terá um papel fundamental na forma como o país será governado nos próximos anos.
Fonte: © G1 – Globo Mundo