Os parlamentares franceses buscavam proteger a produção e a preservação ínfima da carne bovina, inclusive acordos de livre comércio, mediante o ranking mundial que favorece os produtores brasileiros.
Dados da Organização das Nações Unidas e da Embrapa indicam que os parlamentares da França estavam em busca de proteger a produção e a preservação de seus interesses enquanto disputavam a aprovação do acordo da União Europeia com o Mercosul.
Segundo a coluna Radar Econômico, da Veja, essa proteção se manifestou na defesa de preservação de mercados franceses, muito mais proteção para as indústrias francesas que poderiam ser afetadas pelas mudanças no acordo.
Proteção agropecuária no Brasil protesta contra negociação com a UE
O setor agropecuário brasileiro está se mobilizando para proteger seus interesses na mesa de negociação com a União Europeia, em meio a controvérsias acerca da preservação e defesa da produção agropecuária. Recentemente, a revista destacou que a produção de carne bovina no Brasil é cerca de sete vezes maior que a produção da França, líder na proteção de seus interesses na UE. Os produtores brasileiros também lideram o ranking mundial de exportação em volume, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
O órgão norte-americano também situa o Brasil como o segundo maior produtor de carne bovina do mundo, com 11,95 milhões de toneladas, com base em números de 2023/2024, atrás somente dos EUA. A União Europeia, por sua vez, aparece em quarto lugar nessa lista, com 6,46 milhões de toneladas. Em termos de produção de milho, a vantagem brasileira é igualmente significativa, com uma produção dez vezes maior que a francesa. A produção total de grãos neste ano deve ser de 322 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), enquanto a França colherá 55 milhões de toneladas, sobretudo de trigo.
Em soja, o Brasil produz, em toneladas, 321 vezes a colheita da França. Atualmente, a Europa importa quase 90% da soja que consome, principalmente dos Estados Unidos e do Brasil. A União Europeia defende que o setor agrícola aumente o patamar de preservação para 7%, o que tem enfurecido os produtores franceses. Já o Brasil reserva 26,7% de seu território à preservação da vegetação nativa.
Os protestos de agricultores na França contra a negociação do entre União Europeia e Mercosul levaram o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, a anunciar que a rede varejista não compraria mais carne de países sul-americanos. A declaração gerou um boicote à rede no Brasil e fez com que a empresa francesa se retratasse. A cúpula do Mercosul na última sexta-feira (6/12) anunciou um acordo de livre comércio entre os blocos econômicos, o que pode afetar a proteção de interesses da indústria agropecuária brasileira.
Os líderes do Mercosul e da UE anunciaram o acordo em Montevidéu, no Uruguai, durante a cúpula do Mercosul. Participaram do encontro os presidentes de nações do bloco sul-americano como Luiz Inácio Lula da Silva, Javier Milei (Argentina) e o anfitrião, Luis Lacalle Pou. Além deles, estava presente a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.
Fonte: © Conjur