Aumento dos casos de sífilis congênita em bebês nativos norte-americanos devido à transmissão do feto pela placenta. Tratamento oportuno e acesso aos testes rápidos são essenciais. Novos dados do CDC.
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. Ela pode se manifestar em diferentes estágios, desde lesões iniciais nos órgãos genitais até complicações mais graves, como danos neurológicos e cardiovasculares.
É essencial realizar exames periódicos para diagnosticar a sífilis precocemente e iniciar o tratamento adequado. Infelizmente, a falta de informação sobre essa doença venérea ainda contribui para a sua propagação. Portanto, é importante conscientizar a população sobre os riscos da sífilis e a importância do uso de preservativos para prevenir a transmissão.
Relatório do CDC aponta aumento acentuado dos casos de sífilis materna e congênita
As mulheres que dão à luz nos Estados Unidos têm agora três vezes mais probabilidade de ter sífilis do que em 2016, de acordo com um relatório divulgado terça-feira (13) pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.O aumento acentuado dos casos de sífilis materna coincide com um aumento alarmante da sífilis congênita, ou seja, casos em que um bebê é infectado antes do nascimento.
Nos bebês, a sífilis pode ser uma infecção grave, incapacitante e por vezes fatal.Mais de 10.000 mulheres que deram à luz em 2022 tiveram sífilis, contra cerca de 3.400 casos em 2016, segundo dados do CDC.
Isso representa cerca de 1 caso de sífilis materna para cada 357 nascimentos. Outro relatório do CDC de janeiro mostrou que quase 3.800 bebés nasceram com sífilis congênita em 2022, um aumento de 10 vezes na última década e de 31% ano após ano; Esses casos causaram 282 natimortos e mortes infantis em 2022.O aumento da sífilis congênita é um ‘resultado direto de mães não rastreadas e não tratadas’, disse a médica Irene Stafford, especialista em medicina materno-fetal da UTHealth Houston, que não esteve envolvida na nova investigação.
A sífilis ‘é especialmente patogênica, especialmente infecciosa para o feto, e as taxas estão disparando’.Para mulheres grávidas que estão nos estágios iniciais de uma infecção de sífilis não tratada, há cerca de 70% de chance de o agente infeccioso passar para o feto através da placenta, segundo Stafford.
O risco é mais ou menos o mesmo em todas as fases da gravidez e apenas diminui ligeiramente nas fases mais avançadas da infecção.A grande maioria dos casos de sífilis congênita nos EUA – quase 90% – poderia ter sido evitada com melhores testes e tratamento, de acordo com um relatório recente do CDC.
O tratamento oportuno, pelo menos 30 dias antes do parto, reduz o risco de a infecção passar da mãe para o bebê em 98%.Mas o acesso a este tratamento é escasso e desigual, dizem os especialistas.‘Atualmente, a grande maioria das pacientes grávidas não faz o teste.
E mesmo que o façam, não recebem necessariamente tratamento correto’, diz Stafford.Os testes rápidos, que permitiriam o início do diagnóstico e do tratamento na mesma consulta, são pouco utilizados em favor de outros exames mais detalhados, que podem levar dias para retornar resultados e exigir consulta de acompanhamento.De acordo com o novo relatório do CDC, as taxas de sífilis materna são mais baixas entre as mulheres que iniciam o pré-natal no primeiro trimestre.
São maiores, quase quatro vezes que a média, entre as mulheres que não recebem nenhum tipo de pré-natal.As taxas de sífilis materna também são mais elevadas entre mães com menos de 25 anos e diminuem com o avanço da idade.
A taxa entre as mulheres nativas norte-americanas que deram à luz foi cinco vezes a média, e as taxas entre as mulheres negras e nativas havaianas foram mais do que o dobro da taxa geral.De acordo com Stafford, os padrões clínicos para testes de infecções sexualmente transmissíveis variam de estado para estado, e novos dados do CDC mostram que as taxas de sífilis materna variam amplamente em todo o país.
Mas os casos estão aumentando como um todo; 40 estados viram as taxas de sífilis materna mais que duplicarem entre 2016 e 2022.A taxa de sífilis materna para 2021-22 foi mais elevada no Dakota do Sul, um dos seis estados onde a taxa de casos aumentou mais de 400% desde 2016-17.
A taxa é mais baixa no Maine, um dos três estados que não registrou um aumento significativo naquele período.Em Novembro, a administração Biden anunciou que tinha criado um grupo de trabalho federal para enfrentar a ‘crescente epidemia de sífilis’.O governo tomou algumas medidas concretas para enfrentar o desafio, como permitir temporariamente a importação de um medicamento alternativo para tratar a sífilis, num contexto de contínua escassez de tratamento de primeira linha, mas os especialistas temem que os esforços não sejam suficientes.‘Temos um enorme desafio pela frente e há alguns sinais encorajadores de que medidas estão para ser tomadas’, afirma David Harvey, diretor executivo da Coligação Nacional de Diretores de DST.
‘A má notícia é que não temos nenhuma indicação de que novos recursos ou financiamentos serão colocados na mesa.
Desafios no combate à sífilis e na prevenção da transmissão vertical
As taxas de sífilis materna aumentaram significativamente nos últimos anos nos Estados Unidos, juntamente com um crescimento alarmante da sífilis congênita, tornando-se um grave problema de saúde pública. O tratamento oportuno é essencial para reduzir a transmissão da doença para o bebê, mas o acesso a este tratamento ainda é limitado e desigual.‘Atualmente, a grande maioria das pacientes grávidas não faz o teste.
E mesmo que o façam, não recebem necessariamente tratamento correto’, destaca a médica Irene Stafford.Os testes rápidos podem ser uma ferramenta eficaz para agilizar o diagnóstico e o início do tratamento, mas são pouco utilizados em comparação com outros exames mais demorados.De acordo com Stafford, a falta de testagem e tratamento adequados contribui para o aumento das taxas de sífilis congênita nos EUA, que poderiam ser evitadas em sua maioria.
Os dados do CDC revelam que as taxas de sífilis materna variam amplamente em todo o país, com um aumento significativo em 40 estados nos últimos anos.O relatório destaca a importância de aprimorar as estratégias de prevenção e tratamento da doença, especialmente entre as populações mais vulneráveis, como mulheres jovens, nativas norte-americanas e afrodescendentes.A criação de um grupo de trabalho federal para enfrentar a epidemia de sífilis é um passo importante, mas especialistas alertam que mais recursos e financiamento são necessários para reverter essa tendência preocupante.
Fonte: © CNN Brasil