Negros e negras proeminentes na história brasileira são frequentemente deixados de lado nas aulas de história. Conheça alguns como Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência à escravidão.
Os estudiosos como o professor Kabengele Munanga, da USP, consideram que a escravidão foi um acontecimento que marcou a história de forma invisível para os negros no Brasil, tornando-os desconhecidos para o nexo social como um todo.
Para o professor, a história dos negros no Brasil começou com a escravidão, sendo o antes e depois dela intencionalmente ocultados. Essa invisibilidade deixa os negros sem uma identidade definida. Sem escravidão, não teríamos trabalho forçado. E foi essa ilegalidade que permitiu que os negros continuassem em uma situação de trabalho escravo.
Um legado de resistência
O Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, é uma celebração da história de luta contra a escravidão e o trabalho forçado, que marcou a vida de Zumbi dos Palmares, um herói do movimento negro brasileiro. Nascido escravo, Zumbi liderou o Quilombo dos Palmares, uma das maiores comunidades livres fundadas por escravos na América, com cerca de 20 mil habitantes.
Uma vida de resistência
A vida de Zumbi foi marcada pela resistência contra a escravidão. Capturado ainda bebê, ele foi entregue ao padre Antônio Melo, que o batizou com o nome de Francisco. Com 15 anos, Zumbi conseguiu fugir para o Quilombo dos Palmares, onde adotou o nome de Zumbi, que significa ‘espectro, fantasma ou deus’ no idioma quimbundo. Lá, ele liderou a luta contra a escravidão e reuniu não apenas muitos negros que fugiam das senzalas, mas também indígenas e brancos insatisfeitos com o regime escravista.
Um líder inovador
Zumbi foi o último líder do Quilombo dos Palmares e chefiou a luta de resistência contra os portugueses, que durou 14 anos e terminou com sua morte, em 1695. Mesmo carente de armas, o Quilombo dos Palmares tinha uma eficiente organização militar. A comunidade resistiu a 15 expedições oficiais da Coroa. Na décima sexta expedição, depois de 22 dias de luta, Zumbi foi capturado, morto e esquartejado por bandeirantes. Sua cabeça foi enviada para o Recife, onde ficou exposta em praça pública até se decompor.
Uma mulher de coragem
Dandara dos Palmares, mulher de Zumbi, também foi uma figura importante na luta contra a escravidão. Não há registros do local nem da data de nascimento dela, mas acredita-se que ela foi levada para o Quilombo dos Palmares ainda criança. Lá, ela aprendeu a caçar, lutar capoeira e manusear armas. Foi uma das líderes do exército feminino em Palmares e cometeu suicídio em fevereiro de 1694, depois que o Quilombo foi tomado pelos portugueses, para não ser capturada e voltar à escravidão.
Um legado que perdura
O legado de Zumbi e Dandara dos Palmares é um testemunho da resistência contra a escravidão e o trabalho forçado. Eles são heróis do movimento negro brasileiro e sua história é uma lembrança constante da luta pela liberdade e igualdade. O Dia Nacional da Consciência Negra é uma celebração desse legado e uma oportunidade para refletir sobre a história e a cultura negra no Brasil.
Fonte: © G1 – Globo Mundo