Cirurgião bariátrico Cid Pitombo argumenta que, expostos a alimentos altamente ultraprocessada, estamos cada vez mais suscetíveis a adoecimentos devido a ingredientes artificiais e não perecíveis.
Inteligência é um conceito complexo, suscitando discussões em diversas áreas, desde a psicologia até a computação. No entanto, quando se fala em inteligência artificial, a ideia de sistemas que simulam a inteligência humana não costuma ser associada à ameaça de um futuro onde robôs e sistemas futurísticos poderiam se tornar dominantes.
Por outro lado, a realidade nos mostra que a tecnologia está cada vez mais presente em nossas vidas, tornando-se cada vez mais difícil estabelecer os limites entre o que é possível e o que não é. Isso acontece, por exemplo, com sistemas de inteligência artificial que são usados em diversas áreas, desde a computação até a tecnologias de automação.
Tecnologias avançadas, um novo rumo para a alimentação
A utilização de pesticidas, corantes, acidulantes, estabilizantes e outros agentes químicos na alimentação pode ser considerada um sintoma de um problema mais profundo: a substituição da inteligência natural pela artificial. Essa substituição começou há cerca de 100 anos, quando a indústria alimentícia começou a utilizar tecnologias para melhorar a produção e atender à demanda crescente de comida. A utilização de robôs e sistemas avançados não é apenas uma questão de tecnologia, mas também uma questão de como essas tecnologias estão afetando nossa alimentação e nossa saúde.
Ingredientes artificiais, um novo tipo de alimento
Nos anos 1930, a indústria alimentícia começou a utilizar agentes agrícolas extremamente tóxicos para melhorar a produção. Na década de 1950, a busca por alimentos não perecíveis levou à criação de ingredientes artificiais. A NASA, por exemplo, desenvolveu alimentos não perecíveis para os astronautas. Essa tecnologia foi então aplicada na indústria alimentícia, com o objetivo de criar alimentos duradouros e fáceis de produzir. Esses alimentos, no entanto, são feitos com ingredientes artificiais que não são encontrados na natureza.
Alimentos ultraprocessados, uma nova realidade
A publicidade na TV e na internet incentivou a disseminação de alimentos altamente processados. Esses alimentos são projetados para ter uma longevidade maior e um paladar mais atraente, mas eles são feitos com ingredientes artificiais e podem ser prejudiciais à saúde. A indústria alimentícia utiliza a inteligência artificial para criar esses alimentos, utilizando softwares e máquinas sofisticadas para manipular os ingredientes. Essa é uma era de comida artificial, onde a comida de verdade não é mais prioridade.
Consequências para a saúde humana
A utilização de alimentos ultraprocessados está relacionada a obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e outros males que afetam o estilo de vida. O tratamento dessas consequências está se tornando cada vez mais caro. A inteligência artificial, que é utilizada para criar esses alimentos, também pode ser utilizada para analisar os efeitos desses alimentos na saúde humana. No entanto, a indústria alimentícia muitas vezes oculta os ingredientes usados na composição desses alimentos, dificultando a realização de pesquisas sobre o impacto desses produtos na saúde humana.
O futuro da alimentação
O futuro da alimentação pode ser mais sombrio do que imaginamos. A utilização de inteligência artificial e robôs pode levar a uma era onde a alimentação é controlada por máquinas e sistemas. Os alimentos ultraprocessados podem se tornar a norma, e a comida de verdade pode ser uma lembrança do passado. É importante questionar o que estamos comendo e como está sendo feito. A alimentação é uma questão de saúde, mas também é uma questão de consciência e de como queremos viver no futuro.
Fonte: @ Veja Abril