Conflito envolvendo Cláudia Leitte suscita debate sobre convívio entre evangélicos e adeptos de religiões africanas, com referências à lavagem do Senhor do Bonfim, Igreja da Conceição da Praia, Basílica de Senhor do Bonfim e Igreja Batista Luz Divina, incluindo a comunidade trans.
Todo ano, em janeiro, é feita uma lavagem em honra à divindade Senhor do Bonfim, que é celebrada em Salvador. Esse evento religioso é uma reunião de católicos e candomblecistas, que promove a religião e a fé da região.
Religiões conflitam em evento da lavagem do Senhor do Bonfim
No estado da Bahia, onde os costumes religiosos misturam-se com a riqueza cultural, a eclética festa da lavagem do Senhor do Bonfim, que visa agradecer a proteção do orixá do Senhor do Bonfim, atrai fiéis de diversas religiões, mas não as evangélicas. Essa situação não é pessoal, mas sim refletida pela pastora Vânia Silva, que é da Igreja Batista Luz Divina. Ela afirma que a exclusão é um obstáculo para a inclusão de religiões evangélicas, e que seria um grande passo se todas as religiões trabalhassem juntas, considerando que o evento já é culturalmente significativo.
Uma conversão com música
A pastora Vânia é conhecida em Feira de Santana, a segunda maior cidade da Bahia, por sua abordagem única de combinar a música popular com a mensagem religiosa. Ela surgiu na cena musical como integrante do Olodum, conhecido como Lázaro Negrumy. Após se converter ao evangelismo, ela começou a criar músicas que refletissem sua nova fé, adaptando sucessos do Olodum para falar de Deus. Um de seus maiores sucessos foi a canção ‘I Miss Her’, que se tornou ‘Eu Sou de Jesus’ e integrou a trilha sonora do filme ‘Ó Paí Ó’. Para Vânia, a música é uma ferramenta poderosa para a pregação.
Libertade de expressão ou intolerância religiosa?
A recente polêmica envolvendo a cantora Cláudia Leitte, que trocou o nome da deusa Iemanjá por Yeshua, um nome utilizado em algumas religiões para se referir a Jesus, durante a apresentação de uma canção, gerou controvérsia. Para Vânia, o ato é uma questão de liberdade de expressão, enquanto outros, principalmente aqueles que seguem religiões de matriz africana, consideram isso uma atitude de intolerância religiosa.
Um panorama religioso diverso
A Bahia é conhecida por sua rica diversidade religiosa. De acordo com dados do Censo do IBGE de 2010, ainda que defasados, 65% dos baianos se declararam católicos, apresentando uma queda de 9 pontos percentuais em comparação ao Censo anterior. Por outro lado, o número de evangélicos cresceu de 11% para 17%. Os números de candomblé ou umbanda são muito mais reduzidos, com pouco mais de 47 mil praticantes assumidos, o que oferece uma visão interessante sobre a composição religiosa do estado.
Fonte: @ Nos