A Associação Brasileira de Supermercados apresentou uma proposta com foco em saúde pública, destacando o impacto econômico e os custos operacionais para supermercados.
A Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) manifestou-se contra a ideia da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) de permitir a venda de medicamentos em supermercados, considerando que a experiência com os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) com prescrição no Brasil tem sido um sucesso.
Para a Abrafarma, a venda de medicamentos em supermercados pode não ser a melhor solução para o problema de combate à inflação, pois o mercado de medicamentos é altamente regulado e as drogarias e farmácias possuem uma infraestrutura e conhecimento especializado para a venda de medicamentos, especialmente os medicamentos com prescrição médica, como os MIPs. Além disso, a abertura de canais de venda de medicamentos em outros estabelecimentos pode não garantir a segurança e a qualidade dos produtos oferecidos.
Desafios ao Setor Farmacêutico
A proposta governamental de vender medicamentos isentos de prescrição em supermercados pode ter um impacto devastador na saúde pública e no setor farmacêutico, alerta a Abrafarma. Esses medicamentos representam cerca de 30% das vendas das farmácias no Brasil e a sua venda em supermercados pode causar um desequilíbrio no setor, prejudicando tanto as grandes redes quanto as pequenas farmácias. De acordo com a Abrafarma, as 93 mil farmácias brasileiras, que atendem 99% das cidades do País, geram 2 milhões de empregos diretos.
Consequências para a Saúde Pública
A Abrafarma destaca que os medicamentos isentos de prescrição, como os MIPs, exigem orientação especializada devido aos riscos associados ao seu uso inadequado. ‘Quem vai responder a essas perguntas no supermercado? O açougueiro? O padeiro? O caixa?’, questiona a entidade, enfatizando a importância do farmacêutico na orientação dos consumidores. Além disso, a Abrafarma alerta que os MIPs podem mascarar sintomas, agravando problemas de saúde e gerando custos elevados ao sistema de saúde no longo prazo. Estudos internacionais recentes, como os realizados na Austrália e na França, têm mostrado os riscos da venda de MIPs em autosserviço, levando esses países a restringir a prática.
Impacto Econômico
A Abrafarma também destaca os altos custos operacionais das farmácias, como aluguel, salários e estoques, o que pode resultar em um aumento nos preços dos medicamentos de prescrição, afetando especialmente a população de baixa renda. Além disso, a entidade afirma que, ao monitorar os preços de itens comuns a farmácias e supermercados, observou que, em 50% das vezes, os supermercados vendem mais caro, questionando a real intenção por trás da proposta.
Risco de Retrocesso
A declaração da Abrafarma ocorre um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar que busca deixar um ‘legado’ na gestão do Ministério da Saúde durante seu governo. A Abrafarma expressou sua preocupação de que a proposta represente um retrocesso, com sérias consequências para a saúde da população e para o setor farmacêutico, que sempre teve um papel essencial na prestação de serviços à comunidade.
Fonte: @ Mercado e Consumo