Itaú BBA e Goldman Sachs destacam sinergias e portfólios complementares. No entanto, fazem ressalvas sobre remédios do Cade e valorização inferior da Hypera.
A EMBRAFAR e a Hypera entraram em um acordo, que visa a criação de uma empresa líder do setor farmacêutico no Brasil. Esse acordo é ainda mais significativo, pois a EMBRAFAR é uma das principais empresas farmacêuticas do país e a Hypera é uma das maiores distribuidoras de medicamentos no Brasil, acrescentando sua rede de distribuição e logística ao negócio.
A oferta pública da EMBRAFAR para adquirir a Hypera deve ser aprovada pelas autoridades competentes. Se aprovada, essa fusão seria considerada uma das maiores transações de M&A (Mergers and Acquisitions, ou fusões e aquisições) da história da indústria farmacêutica no Brasil. Além disso, a Hypera é uma empresa que opera no mercado brasileiro de forma extensa, então, com essa compra, a EMBRAFAR irá se tornar uma das empresas mais fortes do mercado, adquirindo a Hypera em uma oferta que pode chegar a R$ 3,8 bilhões.
Parâmetros do Acordo
A Hypera estava preparada para enfrentar um acordo de M&A e oferecer uma oferta pública, mas o mercado não estava preparado para a oferta-em-sua-maior-escala da EMS. Na sexta-feira, 18 de outubro, a empresa havia divulgado um ‘processo de otimização’ do seu capital de giro, reduzindo prazos de pagamento concedidos aos clientes, o que não foi bem recebido pelo mercado. Com a oferta pública em vista, a EMS trouxe como efeito colateral as projeções de analistas sobre os possíveis reflexos da união dos dois grupos. Esse foi o caso do Itaú BBA, que ressaltou a complementaridade e as ‘sinergias muito prováveis’ entre a dupla.
Âmbito Operacional e Faturamento Combinado
O acordo faz sentido de uma perspectiva operacional, pois pode criar um player líder no segmento com oportunidades de sinergia que podem melhorar a lucratividade da empresa combinada, o poder de barganha com fornecedores e clientes e o posicionamento estratégico. Ao mesmo tempo, os analistas relembraram que já houve discussões sobre uma fusão entre as duas no passado, quando a Hypera estava muito mais valorizada. E pontuaram que a aprovação de um acordo nos termos atuais propostos pela EMS, com a ação da empresa precificada a R$ 30, não é ‘tão óbvio’. Apesar dessa ressalva, o relatório do Itaú BBA traz outros cálculos para esse balcão.
Equipes Comerciais e Valor da EMS
O banco observa que o patamar da oferta sugere um valor de R$ 30,3 bilhões para a EMS e uma avaliação de R$ 27,3 bilhões da Hypera. Esse cálculo traz um equity value da empresa combinada de R$ 47,5 bilhões, com a Hypera detendo uma participação de 40% e a EMS uma fatia de 60% antes da potencial oferta pública. Com base nos dados divulgados na oferta, o trio também tenta estimar o P&L da EMS. E, a partir da receita líquida de R$ 7,9 bilhões da empresa em 2023 e da projeção de um crescimento anual de 15% nessa linha até 2026, eles preveem um lucro líquido de cerca de R$ 2,9 bilhões ao fim desse período.
Lucro Líquido e Múltiplo P/L
Para a Hypera, se desconsideramos o escudo fiscal dos incentivos do ICMS e levarmos em conta os investimentos em P&D no P&L, chegamos a um lucro de R$ 1,59 bilhão em 2026. Isso resultaria em um múltiplo P/L de 10,5 vezes em 2026 para a NewCo, antes das sinergias. O Itaú BBA projeta ainda que boa parte das sinergias deve vir da otimização de matéria-prima, de despesas gerais e administrativas e das visitas das equipes comerciais a médicos, com um potencial de captura de R$ 351 milhões.
Valor da Empresa Combinada
Quando adicionado aos nossos cálculos, isso resultaria em um lucro líquido combinado pós-sinergias de R$ 4,7 bilhões em 2026 e num múltiplo P/L de 10 vezes, ressaltam os analistas. Com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 29 para o papel da Hypera, o Itaú BBA reservou espaço para um eventual acordo. Com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 31,50 para a ação da Hypera, o Goldman Sachs também reservou espaço para um eventual acordo.
Fonte: @ NEO FEED