Gigantes da tecnologia buscam melhorar relações com o novo presidente dos EUA, após desafios políticos e ataque de 6 de janeiro, enquanto se distanciam de críticas passadas ao serviço de Trump.
Em um período marcado pela crise econômica e de confiança no governo americano, a gigante da tecnologia Amazon, fundada por Jeff Bezos, e a empresa de tecnologia global Meta, criada por Mark Zuckerberg, estão realizando doações em massa. Ambas as empresas estão doando US$ 1 milhão cada para o fundo de transição do presidente eleito, Joe Biden.
A medida foi confirmada por fontes da Amazon e da Meta, e sinaliza o desejo de ambas as empresas em manterem boas relações com o novo governo. A doação da Amazon pode ser vista como uma tentativa de atrair mais investimentos para o setor de tecnologia, visto que a empresa de Jeff Bezos é uma das principais doadoras de campanha eleitoral para Joe Biden. Além disso, a doação da Meta pode ser uma estratégia para expandir a influência da empresa em Washington, D.C, em um momento em que a regulação de plataformas de mídia social ganha destaque no debate político.
Amazônia em jogo: a doação da Amazon ao fundo de posse de Trump
Nesta sexta-feira (13), a Meta confirmou ao The Wall Street Journal que doou US$ 1 milhão ao fundo de posse de Trump. A doação ocorreu somente algumas semanas após o CEO da empresa, Mark Zuckerberg, ter se encontrado com Trump em particular em Mar-a-Lago, na Flórida (EUA). A Amazon, empresa de comércio eletrônico liderada por Jeff Bezos, também doou mais de US$ 1 milhão e afirmou que transmitirá a posse de Trump em seu serviço Prime Video. Em 2021, a empresa também transmitiu a posse de Biden no Prime Video.
A decisão da Amazon foi confirmada por um porta-voz da empresa, que revelou que a gigante da tecnologia planeja transmitir a posse de Trump em seu serviço. A informação foi publicada pelo jornal The Wall Street Journal depois que Trump afirmou, na manhã de sexta-feira, que o fundador da empresa, Jeff Bezos, planejava visitá-lo pessoalmente na semana seguinte. Bezos e Trump já haviam tido desentendimentos no passado.
Durante seu primeiro mandato, Trump criticou a Amazon e a cobertura política do jornal The Washington Post, de propriedade de Bezos. Enquanto isso, Bezos criticou parte da retórica de Trump no passado. Em 2019, a Amazon alegou, em um processo judicial, que a hostilidade de Trump contra a empresa prejudicou suas chances de obter um contrato de US$ 10 bilhões com o Pentágono. Posteriormente, o governo Biden buscou firmar um contrato com a Amazon e a Microsoft.
Mais recentemente, Bezos adotou um tom mais conciliatório. Na semana passada, ele afirmou no DealBook Summit, evento do The New York Times em Nova York, que estava ‘otimista’ em relação ao segundo mandato de Trump, enquanto endossava os planos do presidente eleito de reduzir regulamentações. Em outubro, Bezos não permitiu que o Washington Post endossasse um candidato presidencial, uma medida que levou dezenas de milhares de pessoas a cancelar suas assinaturas.
Naquele momento, Bezos escreveu em um artigo de opinião no jornal que os endossos editoriais criam a percepção de parcialidade, em um momento em que muitos americanos não acreditam na mídia. Stephen Miller, nomeado vice-chefe de gabinete para o segundo mandato de Trump, disse que Zuckerberg, assim como outros líderes empresariais, deseja apoiar os planos econômicos de Trump. O CEO da big tech tem buscado mudar a percepção de sua companhia à direita, após um relacionamento conturbado com Trump.
Trump foi expulso do Facebook após o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA. A empresa restaurou sua conta no início de 2023. Durante a campanha de 2024, Zuckerberg não endossou um candidato à presidência, mas adotou uma postura mais positiva em relação a Trump. Ainda assim, Trump continuou a atacar Zuckerberg publicamente durante a campanha. Em julho, ele postou uma mensagem em sua própria rede social, a Truth Social, ameaçando enviar fraudadores eleitorais para a prisão, mencionando, em parte, um apelido que usava para o CEO da Meta. ‘ZUCKERBUCKS, tenha cuidado!’ escreveu Trump. Doações para posses presidenciais são comuns
As empresas representam uma grande parcela dos doadores de campanha e, em muitos casos, desempenham um papel significativo ao apoiar candidatos presidenciais. Na verdade, a maioria das doações para campanhas presidenciais vem de empresas e indivíduos de alto nível.
Fonte: © G1 – Tecnologia