Vou abordar o componente estratégico do fluxo de caixa livre gerado, considerando variáveis endógenas e taxa de crescimento constante, para influenciar decisões futuras.
Na prática da Valuation, é fundamental entender as diferentes abordagens utilizadas ao longo do processo. A Valuation abrange diversas técnicas, cada uma com seus próprios méritos e limitações, como a avaliação por fluxo de caixa descontado (FCD) e a avaliação por equidade de mercado. No entanto, existem casos em que outras abordagens, como a avaliação por jogo de cartas, são mais adequadas.
Uma abordagem popular para a Valuation é a avaliação por fluxo de caixa descontado (FCD), que consiste em descontar o fluxo de caixa previsto para o futuro a uma taxa de desconto adequada. Essa técnica é amplamente utilizada e considerada uma das mais robustas, pois é resistente a manipulações contábeis. Para além da FCD, também é importante realizar uma avaliação criteriosa dos fatores externos, como as tendências do mercado e as mudanças regulatórias. Além disso, a Valuation pode ser influenciada pela avaliação do potencial de crescimento da empresa. A escolha da técnica certa depende do contexto específico da empresa.
Valuation: A Importância da Projeção do Fluxo de Caixa Livre
Quando se trata de Valuation via FCD, uma das considerações mais críticas é a projeção do fluxo de caixa livre da empresa ao longo dos anos. É essencial notar que estamos falando de fluxo de caixa LIVRE, que é o conceito-chave para avaliar a saúde financeira da empresa. Este fluxo pode ser livremente distribuído aos stakeholders, excluindo investimentos de capital (capex) e investimentos em capital de giro líquido. Para obter o fluxo relevante, é necessário considerar e deduzir esses investimentos do fluxo gerado pelo negócio. Em teoria, a técnica é direta, mas na prática, enfrenta desafios, como incertezas sobre variáveis endógenas (receitas e custos), dificuldade de prever variáveis exógenas, incertezas regulatórias e tributárias e incerteza sobre o risco e a taxa de desconto.
Um aspecto fundamental do processo de Valuation de qualquer empresa é a perpetuidade do fluxo de caixa. A perpetuidade representa o ponto em que as projeções de fluxo de caixa não são mais realizadas, e é calculado o valor presente desse valor em perpetuidade. Comumente, adota-se uma taxa de crescimento constante para esse fluxo perpétuo. As premissas utilizadas na perpetuidade são essenciais, pois têm um impacto significativo na avaliação. É fundamental que elas sejam bem fundamentadas, pois taxas de crescimento perpétuo da ordem de 3% acima da inflação precisam ser justificadas.
A análise tradicional via FCD é estática e ignora o dinamismo do dia a dia corporativo, no qual o tempo revela continuamente novas informações. A análise tradicional considera expectativas de fluxo de caixa em que todas as decisões estratégicas futuras estão tomadas no momento da análise, em um caminho único e incondicional. Em outras palavras, a análise é estática, pois é realizada como se o conjunto de informações disponíveis aos gestores fosse constante.
A análise através de opções reais (OR) é uma técnica de Valuation refinada que busca corrigir o erro da análise tradicional. A abordagem por OR não refuta a simplicidade e a adequação da análise via fluxo de caixa, muito pelo contrário: o primeiro passo para uma análise via opções reais é justamente a análise via FCD. A incorporação de opções reais na análise busca considerar a incerteza e o risco associados às decisões estratégicas futuras.
Fonte: @ Valor Invest Globo