CGU confirma que certificado de vacinação do ex-presidente é falso após investigação da PF sobre colaboração premiada de ajudante de ordens.
O relatório da PF aponta que a ordem para a falsificação dos certificados de vacinação contra covid-19 partiu do próprio presidente, Bolsonaro. De acordo com as investigações, Jair Bolsonaro teria solicitado a falsificação não apenas do seu certificado, mas também do documento de sua filha.
Além de indiciar Jair Bolsonaro, a PF também acusou outras 16 pessoas por envolvimento em crimes ligados à falsificação de certificados de vacinação para covid-19. As investigações apontam que Jair Messias Bolsonaro estaria ciente e teria ordenado a falsificação dos documentos, demonstrando falta de compromisso com a transparência e a ética.
Novas revelações sobre esquema de Mauro Cid envolvendo Bolsonaro
Ao menos nove pessoas teriam se beneficiado de um esquema montado pelo ajudante de ordens Mauro Cid, incluindo a esposa e três filhas, o ex-presidente e sua filha e o deputado Gutemberg Reis de Oliveira. O sigilo sobre o relatório da PF foi retirado nesta terça-feira, 19, pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, após partes do documento terem sido publicados pelo portal G1 no início do dia.
Ele disse que, com a conclusão das investigações, ‘não há mais necessidade’ para a manutenção do sigilo.
‘Os elementos de prova coletados ao longo da presente investigação são convergentes em demonstrar que Jair Messias Bolsonaro agiu com consciência e vontade determinando que seu chefe da Ajudância de Ordens intermediasse a inserção dos dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde em seu benefício e de sua filha’, diz o documento.
Repercussão do relatório da PF e as declarações de Bolsonaro
Leia Mais PF faz buscas na casa de Bolsonaro e prende Mauro Cid CGU constatou que Bolsonaro não estava na capital paulista na data da suposta vacinação e que o lote da vacina não estava disponível.(Imagem: Valter Campanato/ Agência Brasil) Bolsonaro sempre negou que tenha tomado a vacina para covid-19. ‘Não existe adulteração da minha parte, não existe.
Eu não tomei a vacina, ponto final’, disse Bolsonaro a jornalistas e maio de 2023, ao comentar as investigações. Cid teria inserido informações falsas no sistema do Ministério da Saúde com o objetivo de facilitar a entrada e a saída nos Estados Unidos, burlando exigências sanitárias contra a covid-19 impostas pelos EUA e também pelo Brasil.
Ambos países exigiam a vacinação contra doença para se cruzar a fronteira. Em sua colaboração premiada, Mauro Cid confirmou todo o esquema e ainda afirmou ‘que imprimiu os certificados e entregou em mãos ao então presidente da República Jair Messias Bolsonaro’, diz o relatório da PF.
Relação entre a fraude da vacina e a tentativa de golpe em 2023
Bolsonaro embarcou para os EUA com a família e auxiliares no dia 30 de dezembro, após derrota na eleição presidencial de 2022. No relatório, a PF faz uma relação da adulteração do cartão de vacina do então presidente com a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas.
Para o delegado Fábio Alvarez Shor, a intenção de fraudar o documento está ligada a uma possível solicitação de permanência em outro país.
‘O presente eixo relacionado ao uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens ilícitas, no caso a ‘Inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina’, pode ter sido utilizado pelo grupo para permitir que seus integrantes, após a tentativa inicial de Golpe de Estado, pudessem ter à disposição os documentos necessários para cumprir eventuais requisitos legais para entrada e permanência no exterior (cartão de vacina), aguardando a conclusão dos atos relacionados a nova tentativa de Golpe de Estado que eclodiu no dia 08 de janeiro de 2023′.
Encaminhamentos do relatório final da PF e conclusões da CGU
O relatório final da PF deve ser agora encaminhado ao ministério público Federal, que deverá examinar as evidências e decidir se apresenta denúncias no caso. A conclusão de que é falso o registro de imunização contra a covid-19 que consta do cartão de vacinação de Bolsonaro foi tomada pela CGU – Controladoria-Geral da União em janeiro.
A investigação originou-se de um pedido à LAI – Lei de Acesso à Informação formulado no fim de 2022. Os dados atuais do Ministério da Saúde, que aparecem no cartão de vacinação, apontam que o presidente se vacinou em 19 de julho de 2021 na UBS Parque Peruche, na zona norte de São Paulo.
A CGU, no entanto, constatou que Bolsonaro não estava na capital paulista nessa data e que o lote de vacinação que consta no sistema da pasta não estava disponível naquela data na UBS onde teria ocorrido a imunização. Defesa Em seu perfil na rede social X, antigo Twitter, o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, criticou a divulgação do indiciamento.
Fonte: © Migalhas