Requerimento considera danos à saúde de pacientes que após procedimentos estéticos com polimetilmetacrilato, apresentam reações inflamatórias e formação de nódulos, levando a complicações frequentemente com sequelas irreversíveis.
Na tentativa de proteger a saúde dos pacientes brasileiros, o Conselho Federal de Medicina (CFM) entrou com um pedido formal para a Anvisa, solicitando a suspensão da produção e venda de preenchimentos cirúrgicos feitos a partir do polimetilmetacrilato, também conhecido como PMMA.
A justificativa para essa medida se deve à preocupação com a segurança desses produtos, especialmente quando se trata de implantes que ficam dentro do corpo, como preenchimentos faciais ou mamários. O metacrilato é um termo relacionado ao PMMA, destacando sua aplicação em diversas áreas, como a fabricação de lentes de contato e acrilatos, materiais utilizados em diversas indústrias. A preocupação do CFM com o PMMA não se limita apenas à sua aplicação em procedimentos médicos; ela também aborda a segurança do paciente em relação a substâncias químicas utilizadas na sua fabricação, como o metilmetacrilato, que pode ter efeitos adversos em longo prazo.
Uso de PMMA em procedimentos estéticos: um risco sério para a saúde
O produto PMMA, também conhecido como metacrilato e acrílico, tem sido amplamente utilizada em procedimentos estéticos, especialmente na região dos glúteos e nos lábios. No entanto, nos últimos anos, PMMA esteve associado a graves complicações que deixaram sequelas e até causaram a morte de pacientes.
Em uma reunião realizada entre membros da agência, foi entregue um documento sobre os riscos associados ao uso da substância injetável para preenchimento, além de posicionamentos de entidades médicas, como as sociedades brasileiras de Dermatologia (SBD) e Cirurgia Plástica (SBCP), sobre eventos adversos de tratamentos estéticos emitidos ao longo de quase 20 anos.
Apesar das tentativas de alerta e regulamentação empreendidas por sociedades médicas de especialidade, pelo CFM e pela Anvisa ao longo de mais de 18 anos, esses esforços têm se mostrado infrutíferos, sendo incapazes de restringir o uso de produtos à base de PMMA a pequenas quantidades e com fins reparadores. O uso em grandes volumes e com fins estéticos vem aumentando vertiginosamente, inclusive por profissionais não médicos, causando imenso dano à população.
Segundo o CFM, o PMMA pode desencadear reações inflamatórias ao longo da vida dos pacientes e o procedimento para remoção do material é complexo, deixando sequelas permanentes. Isso porque ele se funde ao tecido saudável, que também acaba sendo retirado durante a cirurgia, resultando em sulcos no músculo e outros danos.
Imagens fortes das operações foram anexadas ao conteúdo. ‘Por todos os estudos e guidelines, infere-se que o PMMA é um material não reabsorvível e permanente, que apresenta complicações frequentemente observadas anos após sua aplicação, incluindo formação de nódulos, granulomas, processos inflamatórios crônicos, embolias, necroses teciduais, infecções persistentes, hipercalcemia, insuficiência renal, deformidades irreversíveis e até mortes‘, diz um posicionamento da SBCP de novembro do ano passado incluído no documento.
Embora casos de complicações e mortes sejam divulgados de tempos em tempos, o CFM afirma que ainda há subnotificação e subdiagnóstico de problemas relacionados aos preenchimentos. Além disso, os pacientes devem ficar atentos ao realizar procedimentos estéticos e sempre buscar profissionais habilitados, pois há relatos de pessoas submetidas a preenchimentos com a substância sem terem ciência do produto utilizado.
‘Desconfie de preços muito abaixo do mercado, pois pode ser um indício que a substância que será utilizada não é de qualidade. Além disso, tire todas as suas dúvidas com o médico, pergunte qual produto será utilizado e peça para ver o rótulo e a seringa antes da aplicação’, recomenda a dermatologista Mônica Aribi, sócia efetiva da SBD.
Fonte: @ Veja Abril