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Pesquisadores holandeses investigaram os mecanismos por trás da síndrome pós-Covid, com camundongos recebendo anticorpos de pessoas com Covid longa.
Pesquisadores brasileiros realizaram um estudo para compreender os efeitos da Covid longa, também chamada de síndrome pós-Covid. Os resultados revelaram novas informações sobre como essa condição pode afetar diferentes organismos, trazendo à tona a complexidade do quadro clínico associado à Covid longa.
Além disso, a pesquisa destacou a importância de investigar a fundo os mecanismos por trás da Covid longa para desenvolver estratégias eficazes de tratamento e acompanhamento dos pacientes afetados pela síndrome pós-Covid. Esses achados ressaltam a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para lidar com as consequências de longo prazo da Covid e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Covid, longa: Mecanismos por trás da síndrome pós-Covid
Uma descoberta intrigante surgiu recentemente, desafiando as concepções anteriores sobre a relação entre a carga viral durante a infecção aguda e as respostas inflamatórias no organismo com a síndrome pós-Covid. Além dos fatores tradicionalmente considerados, como sexo, idade e hábitos de vida, a Covid longa pode estar associada a mecanismos autoimunes, semelhantes aos observados em doenças reumáticas ou infecções que desregulam o sistema imunológico.
O estudo, liderado pelo renomado médico e pesquisador Niels Eijkelkamp, do laboratório de imunologia translacional da Universidade de Utrecht, revelou resultados surpreendentes. Publicado como pré-print no repositório online bioRxiv, o experimento envolveu a análise de 24 camundongos, divididos em grupos experimentais e de controle, para investigar os efeitos da Covid longa no organismo.
Participaram da pesquisa pesquisadores de instituições renomadas, como o Instituto de Infecções e Imunidade de Amsterdã e o Sanquin Research, trazendo uma abordagem multidisciplinar para o estudo da síndrome pós-Covid. A análise dos biomarcadores em pacientes do Centro Médico da Universidade de Amsterdã revelou pistas importantes sobre as lesões em tecidos de órgãos diversos, característica marcante da Covid longa.
Os participantes do estudo, que foram divididos em grupos com base na presença de biomarcadores específicos, tiveram seus autoanticorpos IgG isolados e introduzidos em camundongos em laboratório. Os resultados foram reveladores, mostrando que os roedores expostos aos anticorpos de pacientes com Covid longa desenvolveram sintomas como dor, dificuldade locomotora e sensibilidade ao calor, persistindo por até 15 dias após a exposição.
Esses achados sugerem fortemente uma possível ligação entre a resposta autoimune desencadeada pela Covid longa e os sintomas observados na síndrome pós-Covid. A análise dos anticorpos IgG em diferentes tecidos, como coração, músculos e células cerebrais, aponta para uma ação duradoura dessas substâncias, podendo desencadear manifestações clínicas mesmo após a resolução da infecção inicial.
Essa nova perspectiva lança luz sobre os mecanismos complexos por trás da Covid longa e destaca a importância de investigações mais aprofundadas para compreender e tratar essa condição de forma eficaz. A interação entre o sistema imunológico, as respostas inflamatórias e a autoimunidade parece desempenhar um papel crucial na evolução da síndrome pós-Covid, abrindo caminho para novas abordagens terapêuticas e preventivas.
Fonte: © TNH1