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Observações desse comportamento entre animais do mesmo sexo datam dos séculos 18 e 19, mas a pesquisa sobre o assunto só progrediu nos séculos 20 e 21. Comportamento sexual entre animais está presente em indivíduos diferentes.
O comportamento sexual entre indivíduos do mesmo sexo tem sido amplamente estudado em diversas espécies animais, revelando uma variedade de manifestações interessantes. Um estudo recente revelou que a homossexualidade está mais presente do que se pensava inicialmente, desafiando conceitos pré-estabelecidos sobre a diversidade sexual na natureza. Essa descoberta ressalta a importância de compreendermos a complexidade do comportamento sexual em diferentes contextos.
Além disso, a pesquisa apontou que a homossexualidade não se restringe apenas a montagens sexuais e toques genitais, mas engloba uma gama mais ampla de interações. O estudo destaca a necessidade de explorar mais profundamente as nuances do sexo homossexual em animais, a fim de ampliar nosso conhecimento sobre a diversidade de comportamentos presentes na natureza.
Estudo revela subnotificação de comportamento homossexual entre animais
No entanto, a pesquisa sobre o assunto só progrediu nos séculos 20 e 21. Em um estudo recente publicado na revista PLOSOne, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Toronto (Canadá), da Universidade Northwestern (nos Estados Unidos) e da Universidade de Varsóvia (Polônia) descobriu que os especialistas que estudam o comportamento animal estão subnotificando e raramente publicando suas observações sobre o comportamento sexual entre indivíduos do mesmo sexo.
O estudo entrevistou 65 especialistas e descobriu que 77% deles observaram comportamentos sexuais entre indivíduos do mesmo sexo nas espécies que estudaram. Mas apenas 48% coletaram dados sobre esses comportamentos e ainda menos — apenas 18% — publicaram artigos sobre essas descobertas. Muitos respondentes relataram que a falta de registro de dados ou de publicações sobre o SSSB (comportamento sexual entre indivíduos do mesmo sexo na sigla em inglês) se devia à percepção de que era muito raro.
Karyn Anderson, doutoranda em antropologia evolutiva na Universidade de Toronto, que liderou o estudo, destacou que a noção de que esses comportamentos sexuais são raros no reino animal tem sido usada em debates sobre a ética da homossexualidade humana. Anderson enfatizou que seu estudo, como outros sobre o comportamento sexual entre indivíduos do mesmo sexo em animais, descobriu que esse comportamento é, de fato, generalizado e natural no reino animal.
O comportamento homossexual continua a ser descoberto entre diferentes espécies. Em 2018, foi registrado o primeiro relato de sexo entre macacos-aranha machos. Nesse mesmo ano, dois pinguins Gentoo machos fizeram manchetes por ‘adotarem’ um ovo que havia sido abandonado por um casal de pinguins macho-fêmea.
O campo parece estar maduro para futuras pesquisas. Das espécies identificadas como envolvidas em comportamentos entre indivíduos do mesmo sexo na pesquisa, quase 39% não tinham relatos anteriores desses comportamentos, segundo os autores. Josh Davis, escritor de ciência do Museu de História Natural de Londres e autor do livro ‘A Little Gay Natural History’ (uma pequena história natural gay), expressou entusiasmo com os dados para provar esses números. Davis ressaltou que o comportamento homossexual foi oficialmente registrado para cerca de 1.500 espécies de animais, sugerindo que essa estimativa pode ser uma subestimação enorme, dada a diversidade de espécies envolvidas.
Fonte: © CNN Brasil