Risco assume múltiplas interpretações, variando de acordo com o analista e sua intensidade, influenciada pela coluna, corrente e tendência.
A minha coluna de hoje aborda a importância de assumir riscos no mundo dos investimentos. Fui desafiado pelo meu amigo e colunista aqui do Valor Investe, José Brazuna, a seguir em frente e aceitar o desafio de explorar novas oportunidades mesmo diante do risco. O ato de sair da zona de conforto e se expor ao risco pode ser o impulso necessário para alcançar novos horizontes e conquistar resultados surpreendentes.
Em meio aos desafios e percalhos que surgem no caminho, é fundamental manter a coragem e a determinação para enfrentar os obstáculos. Assumir o risco pode ser assustador, mas é justamente nesses momentos que podemos aprender e crescer. Ao aceitar o desafio proposto por José Brazuna, estou pronto para enfrentar os perigos e as incertezas que fazem parte do mundo dos investimentos, confiante de que cada obstáculo superado me tornará mais forte e preparado para os desafios futuros.
Risco e Perigo na Coluna Inspirada
Nessa tendência, compartilho a minha interpretação da sua coluna intitulada ‘Não desperdice o dinheiro!’, que, por sua vez, foi motivada pelo texto de um amigo em comum, Gustavo Cunha.
Logo nos primeiros dias da pandemia, entrei em contato com Vera Rita, colunista desta casa e uma pessoa muito querida, com o objetivo de compreender, sob a perspectiva de uma psicanalista, por que muitas pessoas, naquela época, seguiam rigorosamente as recomendações de isolamento, uso de máscaras, higienização das mãos, enquanto outras simplesmente ignoravam completamente tais orientações e continuavam suas atividades como se nada estivesse afetando nossas vidas.
Ela foi enfática: ‘porque as pessoas percebem o risco de maneira diferente.’ O desfecho desse diálogo resultou na minha coluna de abril de 2021: Por que alguns permanecem na poupança e outros investem tudo em criptomoedas?
Naquela ocasião, minha conclusão, embasada na conversa com Vera Rita, foi de que ‘isso pode ser explicado pelas diferentes interpretações que fazemos de uma mesma situação e a percepção individual sobre os riscos envolvidos. Essa avaliação leva em consideração aspectos intangíveis, como o histórico, as experiências e crenças pessoais e não necessariamente fatos matemáticos ou científicos’.
Refleti também sobre como o risco é interpretado de maneiras diversas, dependendo de quem o analisa, e sua intensidade pode variar de acordo com o contexto de cada indivíduo. Esse era um dos motivos pelos quais muitos nunca sairiam da poupança, enquanto outros nunca investiriam nela.
Essa síntese explica, em parte, por que, mesmo no Brasil, onde os investimentos se tornaram mais populares e acessíveis, a poupança ainda é a escolha de 25% dos investidores brasileiros.
Contrariando a ideia geral, ela também é a opção mais utilizada pela Geração Z (16,2%), ficando atrás dos fundos de investimento (5,7%), ativos digitais (8,3%) e ações (3,1%). * Em uma combinação de falta de conhecimento, memória afetiva, aversão ao risco ou simples preferência, muitas oportunidades são subestimadas devido a essa inclinação.
Essa decisão, quando analisada sob a ótica comportamental, pode ser vista como uma postura extremamente conservadora, evitando o risco.
Por outro lado, seguindo um raciocínio mais tradicional, que não leva em conta os aspectos da realidade humana e suas diversas nuances, essa preferência pode ser considerada como uma atitude de risco extremo, pois desconsidera o potencial de ganho presente em produtos de risco semelhante, colocando em risco o poder de compra a longo prazo. Especialmente no caso dos mais jovens.
No entanto, como destacado por José Brazuna em sua coluna, não é justo atribuir aos jovens a responsabilidade de assumir riscos ou esperar uniformidade no comportamento financeiro simplesmente por pertencerem à mesma geração.
Mesmo sendo jovens e estando na fase final do desenvolvimento do córtex pré-frontal (parte do cérebro responsável pelo pensamento social e pela tomada de decisões), não há garantia de que eles perceberão os riscos nos investimentos da mesma forma.
Fonte: @ Valor Invest Globo