Cyrela prevê estabilidade de margem bruta em 2023 após crescimento no final do ano, devido a dificuldades de acessibilidade e novos lançamentos.
Ao discutir as projeções para o próximo trimestre, a Cyrela (BVMF:CYRE3) destacou que a margem bruta continuará sob pressão, refletindo o cenário econômico atual. De acordo com o diretor financeiro Miguel Mickelberg, a empresa está adotando estratégias para mitigar os impactos negativos e manter a rentabilidade.
Apesar da previsão de estabilidade na margem bruta, a Cyrela espera melhorar a margem de lucro por meio de cortes de custos e otimização dos processos internos. Essas medidas visam garantir a sustentabilidade da empresa e fortalecer sua posição no mercado imobiliário. A companhia está confiante de que, mesmo diante dos desafios, conseguirá alcançar resultados positivos nos próximos trimestres.
Desafios na margem bruta
‘Hoje, a gente não está vendo muita perspectiva para melhorar’, disse Mickelberg em teleconferência com analistas após a publicação na noite da véspera do resultado da compania do final do ano passado.
‘É claro que sempre podemos ter boas notícias com os lançamentos que vão acontecer, mas hoje a gente imagina que a margem deve ficar mais ou menos por esses patamares (do final do ano passado)’, acrescentou o executivo. A margem bruta da compania nos três últimos meses de 2023 foi de 33,7%.
Resultados positivos na margem de lucro
Analistas do Itaú BBA e BofA (NYSE:BAC) consideraram os resultados da construtora no trimestre como sólidos. A empresa teve alta de 19% no lucro líquido do quarto trimestre.
‘O ponto chave a se observar adiante é a margem bruta em meio à difícil precificação do estoque e dificuldade dos consumidores no acesso a financiamentos e de geração de caixa antes da redução das vendas e da intensificação da construção’, afirmaram analistas do BofA em relatório.
Ações em queda e acessibilidade desafiadora
‘Continuamos enxergando um cenário difícil diante do estoque elevado de imóveis de médio e alto padrões e de um pico esperado nas entregas, diante de uma acessibilidade desafiadora’, acrescentaram os analistas. As ações da Cyrela caíam 2,6% às 13h43, enquanto o Ibovespa mostrava recuo de 0,8%.
Segundo o Mickelberg, a expectativa da Cyrela era que levasse um pouco mais de tempo para que a margem bruta da compania alcançasse níveis entre 33% e 34%.
Desafios na geração de caixa
A construtora teve um consumo de caixa de 94 milhões de reais nos últimos três meses de 2023, ante queima de 54 milhões no mesmo período em 2022. No ano, o consumo foi de 101 milhões de reais, versus geração de 33 milhões em 2022.
‘Olhando para 2024, a figura inicial parece um pouco melhor do que 2023, então a gente imagina que deva ter, talvez, caixa ‘neutro’ ou, eventualmente, ligeiramente positivo, mas não vai ser muito’, disse o diretor financeiro. ‘Claro que esse número pode variar muito, principalmente em função de aquisição de terrenos’, destacou.
Impacto da escassez de mão de obra
O diretor financeiro ainda afirmou que a mão de obra mostra certa escassez na cidade de São Paulo. ‘Eu acho que vai ter mais lançamentos na cidade, então isso pode gerar um novo aperto…É um pouco limitado o quanto você consegue evitar esse tipo de movimento, mas é um tema, sim, que gera alguma preocupação, já estamos monitorando.’
Fonte: © BR Investing