Ministro do STF anula atos da Lava Jato contra Marcelo Odebrecht por violação de direitos em colaboração premiada no processo legal.
A determinação do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, de invalidar todas as ações realizadas no contexto da ‘lava jato’ contra o empresário Marcelo Odebrecht pode ter impacto em outros colaboradores, incluindo os restantes 76 da construtora, e nos acusados do processo.
A operação ‘lava jato’ tem sido objeto de intensos debates e questionamentos, levando a revisões significativas em processos judiciais. A decisão de Toffoli reforça a necessidade de avaliar com cautela os desdobramentos da lava jato e suas implicações legais.
Decisão de Dias Toffoli sobre a ‘Lava Jato’ e Marcelo Odebrecht
Dias Toffoli identificou uma possível violação nos direitos de defesa de Marcelo Odebrecht. Para contestar isso, é necessário demonstrar que houve pressão indevida para a assinatura do acordo de colaboração premiada ou que houve prejuízos injustos devido a cláusulas acordadas de forma irregular. A determinação de Toffoli pode ter um impacto significativo na operação ‘lava jato’, de acordo com advogados consultados pela revista eletrônica Consultor Jurídico.
Na sua decisão proferida em 21 de maio, o ministro ordenou o encerramento de todos os processos criminais contra Marcelo Odebrecht, mantendo apenas o acordo de colaboração premiada firmado durante a operação ‘lava jato’. Ele enfatizou a importância de o Estado cumprir os compromissos assumidos na delação. Toffoli apontou que procuradores e o ex-juiz Sergio Moro agiram em conjunto, desconsiderando o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa e a institucionalidade em favor de interesses pessoais e políticos, o que é inaceitável em um Estado democrático de Direito.
O ministro destacou que Moro e os procuradores da ‘lava jato’ colaboraram para impedir o exercício do contraditório e da ampla defesa nos casos envolvendo Marcelo Odebrecht. Ele mencionou que o juiz e o Ministério Público Federal utilizaram ameaças aos familiares do empresário, exigiram que ele abrisse mão do seu direito de defesa como condição para obter liberdade e planejaram estratégias e medidas contra o réu.
Além disso, Toffoli apontou que as conversas entre Moro e os procuradores obtidas na ‘operação spoofing’ indicam que a imparcialidade do ex-juiz ultrapassou todos os limites, revelando um padrão de conduta reprovável ao longo dos anos da ‘lava jato’.
Extensão da Decisão de Dias Toffoli e Impacto na ‘Lava Jato’
A decisão de Toffoli poderia, em teoria, ser aplicada a outros delatores e delatados, conforme avaliação de Alberto Zacharias Toron, professor de Direito Processual Penal da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). No entanto, ele ressalta a importância de analisar cada caso individualmente. Toron também descreve a medida como um golpe severo na operação ‘lava jato’.
A abrangência da decisão do ministro Dias Toffoli representa a queda total da ‘lava jato’. Com sua amplitude, a decisão quase que declara a completa ilegalidade da operação. Lenio Streck, especialista em Direito Constitucional, destaca a necessidade de responsabilizar os envolvidos na ‘lava jato’ por seus abusos.
‘A decisão deve ser estendida aos demais executivos. O estrago causado pela dupla Moro-Dallagnol/força-tarefa é evidente. A determinação de Toffoli coloca um fim definitivo no que resta da ‘lava jato’. É impressionante que Moro e Dallagnol ainda não estejam enfrentando processos por todas essas irregularidades. O prejuízo financeiro causado, conforme o ex-procurador-geral da República Augusto Aras, ultrapassa os R$ 400 bilhões. A Justiça precisa responsabilizar Moro, Dallagnol e demais envolvidos.’
Fonte: © Conjur