Respondo primeiro: Muitas. Infinitas. Perdei controle. Sobre grande desafio, ansiedade leve, responsabilidade, poucos minutos reais considerados, música soltada, microfone, energia intensa, síndrome da impostora. Mil desculpas.
Na semana passada, eu encarei um desafio profissional e tanto: conduzir um workshop para uma empresa renomada – em francês. ‘Ah, mas para você isso deve ser fácil’, pode ser o que você esteja pensando. Eu atuo nessa área há muito tempo, então consigo compreender esse ponto de vista – quem sabe até tenha um fundo de verdade.
Enfrentar um novo idioma é, sem dúvida, um obstáculo empolgante. Afinal, cada idioma traz seus próprios desafios, não é mesmo? No entanto, com esforço e dedicação, é possível superar qualquer obstáculo que surja no caminho. A próxima parada: aprender holandês e encarar um novo desafio!
Enfrentando o desafio do medo e da insegurança
Mas do lado oposto, a reflexão direcionava-se para um lugar diferente: ‘Não é tranquilo para mim, e não sei se vou conseguir’. Essa era a minha maior preocupação. Nos dias que antecederam o evento, eu me peguei inventando mil desculpas para não comparecer. Desde questões triviais como ‘minha cachorrinha passou mal’ até situações improváveis como ‘acabou a gasolina do carro e fiquei no meio do caminho’. Qualquer justificativa servia desde que afastasse a sensação avassaladora de incapacidade. Fugir parecia a solução mais simples, afinal, assim ninguém perceberia minha suposta falta de competência. Confesso que foi um drama e tanto.
A preparação para superar obstáculos
Contudo, o dia do evento chegou e, apesar de toda a angústia anterior, uma parte de mim sabia que não iria recuar. Assim, lá estava eu, no local combinado, com cada palavra do roteiro pronta, distribuindo sorrisos a todos. Pelo menos era o que as pessoas viam. Por dentro, eu tremia. Dirigi-me ao camarim e lá me pus a revisar as partes em inglês repetidas vezes. Ao surgir qualquer dúvida sobre pronúncias, recorria ao meu irmão, que é professor, e ele me auxiliava. Tudo sob controle, ao menos até então.
Ignorando o desafio grande da ansiedade, o público começou a ocupar o auditório. Enquanto via aquele mar de rostos, a responsabilidade de proporcionar uma noite agradável pesava sobre mim. Outro breve momento de ansiedade se manifestou, incitando-me a desistir. Será que as desculpas habituais teriam validade naquele instante? O que aconteceria se simplesmente me retirasse?
A superação e o brilho da realização
Após ponderar por poucos minutos realmente considerados, decidi permanecer. A partir de então, não havia mais como voltar atrás: era preciso subir ao palco e cumprir minha missão. Com a música se soltando e o meu microfone sendo aberto, dei o primeiro passo em direção ao palco. Foi nesse instante, ao subir o primeiro degrau e ser envolvida pela luz, que lembrei: ‘Ah, este é um terreno familiar para mim’. Eu já havia enfrentado situações semelhantes, e até mais desafiadoras, e havia superado. Então, por que duvidei tanto de mim?
O resultado foi magnífico. Assim que compreendi que estava preparada e ciente do que estava fazendo, a leve episódio de ansiedade se dissipou. Retornei para casa no final do dia, satisfeita com minha performance, porém refletindo sobre a quantidade de energia desperdiçada preocupando-me com possíveis falhas. Quanto tempo perdi convencendo-me de que fracassaria.
Foi aí que percebi o impacto da síndrome da impostora, que constantemente nos faz sentir inadequados. Por essa razão decidi compartilhar minha experiência neste texto. Não quero que seja apenas sobre mim, mas sobre todos que enfrentaram desafios semelhantes. Aqueles que duvidaram de si mesmos, mas eventualmente descobriram que o monstro residia apenas em suas mentes.
Vamos enfrentar o desafio de calar o monstro interno e jamais desistir de nos surpreender com nossa própria capacidade. É muito mais do que a nossa mente muitas vezes nos faz acreditar.
Fonte: @ CNN Brasil