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Estudo com 20 mil analisou relação entre temperatura corporal elevada e sintomas depressivos, revelando conexão psicológica entre temperatura e depressão.
A depressão é um estado que afeta não apenas a mente, mas também o corpo. Assim como diversas outras enfermidades, esse quadro psicológico se reflete em diferentes aspectos da nossa fisiologia, como por exemplo, na nossa temperatura corporal. Estudos mostram que a temperatura do corpo pode estar diretamente ligada ao desenvolvimento da depressão. Pesquisadores da Universidade de São Paulo também têm investigado essa relação, buscando compreender melhor como a temperatura corporal pode influenciar os sintomas da depressão.
Além disso, a tristeza e a melancolia são sintomas frequentemente associados à depressão. Esses sentimentos de abatimento podem se intensificar quando a temperatura corporal está desregulada. Por isso, é importante considerar não apenas o aspecto psicológico, mas também o físico no tratamento da depressão. A busca por um equilíbrio entre mente e corpo é essencial para lidar com essa condição de forma mais eficaz e abrangente.
Estudo revela relação entre temperatura corporal elevada e sintomas depressivos
A equipe encarregada da investigação notou uma conexão positiva entre as variáveis, indicando que a manifestação de sintomas de depressão estava associada a uma elevação na temperatura corporal dos participantes. Essa relação era proporcional, ou seja, quanto mais intensos os sintomas, mais altas eram as temperaturas registradas.
Além disso, foi observada uma possível ligação entre a variação da temperatura e os sintomas depressivos, porém, essa relação não apresentou significância estatística, o que impede a extração de conclusões definitivas. Apesar da falta de evidências estatísticas, ainda há muito a ser descoberto sobre essa condição psicológica.
Por exemplo, a equipe ressaltou que permanece um mistério se o aumento da temperatura corporal decorre de uma perda de controle, de um aumento na produção de calor por processos metabólicos ou de uma combinação de fatores. Essa incerteza destaca a complexidade da relação entre temperatura corporal e sintomas depressivos.
Durante a pesquisa, que se estendeu por sete meses em 2020, os mais de 20 mil participantes de 106 países utilizaram um dispositivo com termômetro para monitorar sua temperatura corporal diariamente e relatar os sintomas de depressão que experimentavam.
A psiquiatra Ashley Mason, em comunicado à imprensa, enfatizou que esse estudo representa uma das maiores investigações sobre a associação entre temperatura corporal e sintomas depressivos, abrangendo uma amostra geograficamente diversificada. Os resultados foram publicados na revista Scientific Reports.
Embora não seja a primeira vez que se aponta essa relação, estudos anteriores já haviam sugerido a ligação entre temperatura corporal elevada e a proteína 5-HTT, conhecida como ‘transportador de serotonina’. Além disso, a influência de medicamentos como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN) no controle da temperatura corporal tem sido amplamente documentada.
O estudo atual estabelece uma correlação entre temperatura e depressão, porém não esclarece a possível causa dessa relação. A incerteza persiste quanto a se a depressão causa o aumento da temperatura corporal ou se a elevação na temperatura pode predispor ao desenvolvimento da depressão.
Ademais, não se pode descartar a existência de uma causa subjacente que não tenha sido identificada na análise, como o estresse ou processos inflamatórios que poderiam desencadear tanto sintomas depressivos quanto elevação da temperatura corporal. A compreensão mais aprofundada desses mecanismos pode contribuir para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas para a depressão.
Fonte: @ Minha Vida