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Dados mostram cenário atípico: emprego alto, inflação baixa, setor industrial afetado pela COVID-19.
Apesar do cenário positivo de emprego e da inflação controlada, o mercado de vendas em shopping centers não está atingindo as expectativas. Segundo Glauco Humai, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), as vendas estão aquém do esperado, e a causa desse desempenho abaixo do previsto ainda não foi identificada.
O comércio em geral enfrenta desafios, mesmo com indicadores econômicos favoráveis. As transações no setor varejista precisam de uma análise mais aprofundada para entender as razões por trás desse cenário atípico. É fundamental buscar soluções criativas para impulsionar as vendas e estimular a comercialização de produtos nos shopping centers e em outros canais de vendas.
Vendas em destaque no setor de shoppings
Os números operacionais da indústria de shoppings continuam positivos, refletindo um cenário estável. No entanto, as vendas permanecem em um patamar constante, sem grandes avanços, como apontou durante uma entrevista. A percepção geral é de que as vendas poderiam estar em um nível mais elevado, acima das expectativas estabelecidas.
No mês de maio, as transações nos shoppings apresentaram um aumento nominal de 1,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior, indicando uma recuperação em relação ao desempenho de abril, quando houve uma queda de 7,9% nas vendas. Esses números refletem uma movimentação positiva no comércio, apesar do momento estranho causado pela pandemia de COVID-19.
O tíquete médio registrado em maio foi de R$ 121,55, representando uma redução de 6% em relação ao mesmo mês do ano anterior, que estava em R$ 129,01. No acumulado de janeiro a maio, as vendas da indústria apresentaram uma queda nominal de 0,4%, conforme dados da Abrasce, evidenciando um cenário de estabilidade no setor de comercialização.
Durante a entrevista, Humai comentou que as vendas estão em um momento de estagnação, caracterizando um cenário ‘café com leite’. No entanto, ele ressaltou que a ocupação dos shoppings e a inadimplência dos lojistas estão dentro dos padrões históricos, não sendo motivo de preocupação. Além disso, a atividade comercial segue aquecida, com um ritmo positivo de locação de espaços para os lojistas.
De acordo com o relatório da Abrasce, a vacância mediana em maio foi de 4,8%, apresentando uma queda de 0,4 ponto percentual em relação ao ano anterior. A inadimplência também registrou uma redução, ficando em 4%, o que representa uma queda de 2 pontos percentuais na mesma base de comparação.
Os dados referentes ao mês de junho ainda estão sendo analisados, porém, um levantamento preliminar não aponta uma recuperação significativa nas vendas. Pelo contrário, as vendas do Dia dos Namorados apresentaram uma queda de 1,8%, contrariando as expectativas de crescimento da associação.
Empresas como Multiplan, Iguatemi e Allos se destacaram, com um crescimento de vendas em torno de 10% no primeiro trimestre, evidenciando um desempenho positivo no setor. No entanto, as empresas de capital fechado, com empreendimentos em áreas menos privilegiadas, enfrentam desafios para impulsionar suas vendas.
O presidente da Abrasce aponta que a economia brasileira tem apresentado um crescimento acima do esperado nos últimos meses, mas as vendas no setor de shoppings ainda não decolaram. Diversos fatores, como a alta dívida das famílias e as taxas de juros elevadas, podem estar impactando o poder de compra dos consumidores de média renda, dificultando o avanço das vendas.
Em relação à concorrência, Humai descarta a influência das apostas esportivas online como um fator relevante na redução das vendas do setor. O cenário atual demanda estratégias inovadoras para impulsionar as transações e estimular o crescimento do comércio no segmento de shoppings.
Fonte: © CNN Brasil