Levantamento da Rubik Capital revela quanto dinheiro se deixa na mesa sem saber, mostrando comissões pagas pelos investidores em valores mobiliários, gestão de recursos e wealth management.
No dia 1º de novembro, a indústria dos investimentos passará por uma mudança significativa. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estará implementando uma nova regulamentação que visa trazer mais transparência às comissões pagas pelos investidores em diversos produtos e serviços financeiros.
Essa mudança é esperada para ter um impacto positivo nos investidores, que agora terão mais visibilidade sobre as taxas e rebates associados aos produtos financeiros. Além disso, a regulamentação também deve influenciar a remuneração dos profissionais da indústria, que precisarão se adaptar às novas regras. A transparência é fundamental para uma tomada de decisão informada. Com essa mudança, os investidores poderão tomar decisões mais acertadas sobre seus investimentos, o que pode levar a uma maior confiança no mercado financeiro.
Comissão: O Modelo Comissionado na Indústria Financeira Brasileira
A indústria financeira brasileira adota majoritariamente o modelo comissionado, onde a venda de produtos financeiros gera uma comissão para o distribuidor, conhecida como rebate. No entanto, há uma falta de transparência em relação a essas comissões, deixando os clientes sem conhecimento sobre o valor pago. A Rubik Capital, uma gestora de recursos e patrimônio, realizou um estudo exclusivo sobre as comissões pagas por mais de 40 famílias atendidas no seu wealth management entre dezembro de 2020 e setembro de 2024.
O objetivo era entender o peso da remuneração comissionada dos ativos financeiros na alocação de recursos. Os resultados mostraram que, em média, essas famílias pagaram em rebates, sem saber, de 0,40% a 0,60% ao ano do total do portfólio. Essa variação depende da plataforma usada e do perfil da carteira do cliente, pois cada produto tem sua dinâmica de comissionamento e cada plataforma uma política de remuneração.
Comissão: O Impacto nos Clientes
Considerando uma carteira de R$ 10 milhões, entre R$ 40 mil e R$ 60 mil foram pagos em taxas de comissionamento por ano, com a maior parte sendo taxas para o vendedor. Os multi family offices, como a Rubik, devolvem esse valor de distribuição para o cliente em forma de cashback. Além disso, os family offices cobram pelo seu serviço no modelo de fee based, ou seja, uma taxa fixa anual acordada entre as partes.
Cassio Zeni, sócio-fundador e CEO da Rubik Capital, afirma que ‘na prospecção dos clientes, pedimos a carteira com a data da compra de cada ativo. Montamos uma planilha mostrando o quanto custou ter cada coisa e comparamos com o custo que ele pagaria em fee’. A Rubik tem R$ 1,2 bilhão sob gestão e consultoria e buscou mostrar aos clientes que aquilo que eles pagavam em comissões e nem sabiam, muitas vezes, era suficiente para arcar com o custo anual cobrado pelo family office.
Comissão: A Diferença entre o Modelo Comissionado e o Fee Based
A principal diferença entre o modelo comissionado e o fee based não é o custo, mas sim a falta de viés na escolha dos ativos. O maior ‘custo’ do rebate está nas operações do mercado secundário de renda fixa ou nos Certificado de Operações Estruturadas (COEs). Essas são chamadas pelo mercado de ‘spreads na cabeça’, ou seja, operações que remuneram o vendedor no momento da venda.
Nos COEs, por exemplo, essa taxa fica em torno de 6% do valor investido, sendo que metade desse valor é repassado como comissão e a outra metade fica com a corretora. Isso significa que a cada R$ 100 investidos, apenas R$ 94 vão, de fato, para a aplicação. As operações no mercado secundário de debêntures, os CRIs e CRAs remuneram da mesma forma. Pela Rubik, as suas comissões são de até 3% sobre o valor de face, podendo chegar a 6% em papéis de mais risco.
Fonte: @ NEO FEED