Publicada em Nature Medicine em segunda-feira (6), estudo mostra distinção necessária entre formas familiar e esporádicas da doença de Alzheimer. Affectados por mutações em qualquer um dos três genes: Alzheimer autossômico dominante de início precoce e Down syndrome-associada. Dados de 10.000 pessoas e aprox. 3.300 cerebros armazenados no National Alzheimer Coordinating Center. Diferentes abordagens em testes e tratamentos. Formas hereditárias: Alzheimer precoce dominante autossómico e Alzheimer relacionado à síndrome de Down.
Uma nova pesquisa revela que o gene APOE, associado à Doença de Alzheimer, pode ter uma ligação mais forte com a hereditariedade do que se pensava anteriormente. O estudo, divulgado recentemente na revista Nature Medicine, lança luz sobre essa relação e levanta a possibilidade de uma variante genética associada a uma forma específica e herdada da doença. Essa descoberta sugere a necessidade de abordagens personalizadas para o teste e tratamento da condição, ampliando a compreensão sobre a influência genética na manifestação do Alzheimer.
Dentro da população diagnosticada com Alzheimer, os cientistas identificam subgrupos com formas familiares da doença, juntamente com casos esporádicos. O gene APOE, especialmente as variantes APOE3 e APOE4, desempenha um papel crucial nesse contexto, sendo considerado um fator de risco ou de neutralidade para o desenvolvimento da condição. Essa distinção genética abre caminho para uma melhor compreensão dos mecanismos envolvidos na Doença de Alzheimer e potenciais estratégias de abordagem individualizada para cada perfil genético.
A Importância do Gene APOE na Doença de Alzheimer
A maioria dos casos da Doença de Alzheimer é considerada esporádica, desenvolvendo-se mais tarde na vida. Já as formas familiares, causadas por mutações em qualquer um dos três genes, tendem a surgir mais cedo, sendo conhecidas por sua raridade, representando cerca de 2% de todos os diagnósticos da doença. Sob um novo paradigma, 1 em cada 6 casos de Alzheimer seria considerado herdado ou familiar.
As formas herdadas da doença, incluindo a doença de Alzheimer autossômica dominante de início precoce e a doença de Alzheimer associada à síndrome de Down, são objeto de estudo devido ao papel do gene APOE. Este gene é responsável pela produção da proteína transportadora de lipídios chamada apolipoproteína E, conhecida como APOE, que desempenha um papel crucial no transporte de colesterol pelo corpo e cérebro, podendo influenciar o depósito ou remoção de placas beta amiloides características do Alzheimer.
Existem três tipos do gene APOE que uma pessoa pode carregar: APOE2, considerado protetor contra o desenvolvimento da doença; APOE3, conferindo um risco neutro; e APOE4, considerado um fator de risco significativo para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer.
Pesquisadores ressaltam que o gene APOE4 não deve ser simplesmente reconhecido como um fator de risco, mas sim como uma forma herdada da doença, praticamente garantindo que indivíduos portadores de duas cópias do gene desenvolverão as mudanças biológicas associadas ao Alzheimer em seus cérebros.
Um recente estudo envolvendo dados de aproximadamente 3.300 cérebros armazenados no National Alzheimer’s Coordinating Center e mais de 10.000 pessoas de cinco ensaios clínicos, comparou pessoas com duas cópias do gene APOE4 com portadores de outras formas do gene. Os resultados mostraram que aqueles com duas cópias de APOE4 eram muito mais propensos a desenvolver as mudanças biológicas relacionadas à doença.
Praticamente 95% das pessoas nos estudos com duas cópias do gene APOE4 apresentaram a biologia da Doença de Alzheimer até os 82 anos de idade. Esta descoberta reforça a importância de entender o papel do gene APOE na doença, abrindo caminho para novas abordagens de testes e tratamentos para as formas herdadas da Doença de Alzheimer.
Explorando a Relação entre APOE4 e a Doença de Alzheimer
Em um estudo recente, pesquisadores da Espanha e Estados Unidos analisaram de perto a relação entre o gene APOE4 e a Doença de Alzheimer. Ao comparar pessoas com duas cópias de APOE4 com aquelas que tinham outras variações genéticas, os pesquisadores puderam observar as diferenças no desenvolvimento da doença.
Os resultados revelaram que indivíduos com duas cópias do gene APOE4 eram significativamente mais propensos a apresentar as mudanças biológicas associadas à Doença de Alzheimer em comparação com aqueles com outras formas genéticas da doença. Essa associação tornou praticamente certa a evolução da doença em quem possuía duas cópias de APOE4.
Essa descoberta ressalta a importância de compreender os mecanismos pelos quais o gene APOE influencia o desenvolvimento da Doença de Alzheimer e abre caminho para o desenvolvimento de novas estratégias de diagnóstico e tratamento para indivíduos com formas herdadas da doença.
Fonte: © CNN Brasil