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Pela 1ª vez, o Brasil participou do Pisa, avaliação internacional de nível criativo, com resultados abaixo da norma em soluções para situações originais.
Mais da metade (54,3%) dos estudantes brasileiros de 15 anos demonstrou um baixo índice de criatividade ao tentar resolver desafios sociais e científicos apresentados em um teste global de habilidades. A informação foi compartilhada nesta terça-feira (18) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
É fundamental incentivar a criatividade dos jovens, pois ela está diretamente ligada à inovação e à originalidade em soluções para problemas complexos da sociedade. Desenvolver a imaginação dos alunos desde cedo pode ser um passo importante para melhorar esses índices no futuro.
Criatividade: O Novo Foco do Pisa
Talvez seja familiar para você ter se deparado, recentemente, com informações acerca dos resultados do Pisa, uma das avaliações educacionais mais relevantes globalmente. Este teste, que tradicionalmente avalia o conhecimento matemático e de leitura de estudantes de escolas públicas e privadas, foi além nos últimos anos. Em 2022, com a aplicação atrasada devido à pandemia, o Pisa passou a incluir a avaliação da criatividade dos participantes. A questão agora é: os jovens conseguem apresentar soluções originais para problemas? Conseguem expressar novas ideias por meio da escrita e da arte? Têm a capacidade de criar narrativas curiosas e fora do comum?
Entre os 56 países que participaram do teste, incluindo membros da OCDE e parceiros, o Brasil se viu na 44ª posição, atrás de nações latino-americanas como Uruguai, Colômbia e Peru. Os dados do desempenho brasileiro revelam que o país alcançou 23 pontos em uma escala de 0 a 60, ficando 10 pontos abaixo da média da OCDE. Uma disparidade de 11 pontos foi observada entre os alunos brasileiros menos favorecidos economicamente, com 19 pontos, e os mais privilegiados, com 30 pontos.
Uma das áreas de criatividade avaliadas no Pisa em que o Brasil teve menor sucesso foi a resolução de problemas científicos. Além disso, o país se encontra abaixo de outras nações como Arábia Saudita, Panamá, El Salvador, Tailândia, Bulgária, Jordânia, Macedônia do Norte, Indonésia, República Dominicana, Marrocos, Uzbequistão, Filipinas e Albânia.
Nos níveis mais baixos de criatividade do Pisa, que são os níveis 1 e 2, cerca de 54,3% dos alunos brasileiros se encontram. Isso significa que eles conseguem apenas produzir desenhos simples e diretos, relacionados a situações do dia a dia, e apresentam ideias óbvias, com dificuldade em propor mais de uma solução para um problema.
As 30 questões de criatividade no teste avaliaram a capacidade dos participantes de se expressarem tanto por escrito quanto artisticamente, além de resolverem problemas sociais e científicos. Um exemplo dos critérios de correção foi a solicitação para que os alunos criassem três títulos distintos para a imagem de um livro gigante em um jardim. Enquanto um aluno dos níveis mais baixos apresentaria títulos simples e literais, como ‘O livro grande’, ‘O livro gigante’ e ‘Um livro gigante no campo’, respostas mais criativas, de alunos mais avançados, trariam adjetivos menos previsíveis e mais variados, como ‘A árvore solitária’, ‘A história perfeita’ e ‘A trilha escrita’.
Quanto aos países que se destacaram no top 10 de criatividade, temos Singapura com 41 pontos, Coreia com 38 pontos, Canadá com 38 pontos, Austrália com 37 pontos, Nova Zelândia com 36 pontos, Estônia com 36 pontos, Finlândia com 36 pontos, Dinamarca com 35 pontos e Letônia com 35 pontos. Essas nações se destacaram em áreas como solução de problemas sociais e científicos, evidenciando a importância da criatividade no contexto educacional atual.
Fonte: © G1 – Globo Mundo