Maria Fernanda Cândido fala sobre peça inspirada em Clarice Lispector. Recital dramático “Grande exercício de memória” é uma experiência de palco onde a personagem principal, inspirada em A Paixão Segundo G.H., desafia a arte do diretor.
Com uma longa carreira no teatro, a atriz e escritora Maria Fernanda Cândido (50) está de volta ao palco brasileiro com a peça Balada acima do abismo no próximo sábado (25) até o dia 9 de fevereiro. A volta ao teatro é uma grande oportunidade para Maria Fernanda Cândido mostrar seu talento e habilidade em diferentes papéis.
Além de atriz, Maria Fernanda Cândido também é uma habilidosa escritora, tendo escrito vários roteiros para produções de teatro. Ao contrário da cidade, o teatro é um espaço onde a criatividade pode ser explorada de maneira mais livre, como é o caso de diretor de uma montagem que traz uma história inédita ao palco. A peça Balada acima do abismo é um exemplo disso. Com Maria Fernanda Cândido no elenco, a peça promete ser emocionante e de grande impacto, trazendo em seu palco um cenário inesquecível para a montagem.
Uma Jornada de Memória e Arte: Teatro na Palco
Com o diretor Gonzaga Pedrosa no leme, a atriz Maria Fernanda entra em cena para desvendar a vida e obra da renomada escritora Clarice Lispector, desse universo fascinante. Esse recital dramático, adaptado de uma peça performada em Paris, em 2020, em celebração ao centenário de nascimento da autora, agora é reencenado em São Paulo, trazendo um novo olhar sobre a vida da inesquecível escritora. A atriz, que já interpretou com destaque a personagem principal de A Paixão Segundo G.H., uma das obras-primas da escritora, agora se aproxima ainda mais do mundo da teatralidade, que a acompanhou desde a adolescência, quando descobriu a magia de A Hora da Estrela.
Uma Experiência de Teatro que Vai Além do Palco
Em entrevista coletiva no Hotel Nacional Inn Jaraguá, em São Paulo, a atriz compartilha suas reflexões sobre a experiência de criar uma obra de teatro. ‘Focando especificamente nessa experiência de palco, de teatro (…) Costumo dizer que o cinema é muito a arte do diretor. Nós chegamos para contribuir, pois a gente acaba sendo uma peça dentro dessa grande engrenagem, onde vão existir muitas colaborações, mas que de fato esse filme vai acontecer na montagem. Tem o processo de montagem que vai, de fato, definir o que vai ser essa obra.’ Maria Fernanda destaca que, em teatro, há mais acesso ao processo de criação, desde o início até o fim. ‘Inclusive, a partir do momento que se abre a cortina, que somos nós mesmos que estamos ali, trocando essa energia com a plateia,’ ela acrescenta.
Uma Jornada Biográfica e Criativa
Com base no texto da Catarina Brandão, a peça apresenta um marco de memória de uma vida. ‘Nós vamos atravessar, por exemplo, o nascimento dela, o fato de ela ter nascido na Ucrânia. Então, começa já desde a concepção, de como ela foi concebida. Nós vamos atravessar essa gestação de vida até esse ponto final. Vamos passar pela infância, pela morte do pai, passar por essa chegada ao Brasil, pelo amor à língua portuguesa, por essa parte que ela abre o coração e fala do amor pela língua portuguesa,’ explica Maria Fernanda. Além disso, a peça aborda o ato criativo e a dificuldade de dar forma a algo, como escrito pela própria Clarice Lispector: ‘Escriver salva a alma presa, salva a pessoa que se sente imputiva, salva o dia que se vive e não se entende, a menos que se escreva. Escrever é abençoar uma vida que não foi abençoada.’
Uma Experiência de Teatro que Vai Além do Palco
Com a direção de Gonzaga Pedrosa, a peça é uma adaptação de um recital dramático que a atriz perfromou em Paris, em 2020, no centenário da escritora. O texto da Catarina Brandão é o ponto de partida para essa jornada, que vai desde a infância de Clarice até a sua morte, passando pela sua amizade com Samuel Beckett e pela sua experiência na Segunda Guerra Mundial. A peça também aborda a sua vida em Portugal, a sua morte e o seu legado como escritora, artista e mulher.
Um Processo de Criação e Montagem
Com a montagem da peça, o processo de criação se torna ainda mais complexo. ‘E a gente chega depois também nessa infância, a infância em Recife. Você vai ter toda essa parte do Carnaval, das quartas-feiras de cinzas, depois a gente atravessa também essa vivência que ela tinha com o entorno, né? A repartição dos pães, as frutas, essa coisa toda que é tão nossa, que é tão Brasil,’ acrescenta Maria Fernanda. O processo de montagem é fundamental para definir a obra, e a atriz destaca que, no teatro, há mais liberdade para criar e improvisar, o que torna a experiência ainda mais emocionante e conectada com a plateia.
Fonte: @ Terra