Estagnação da Selic pode desacelerar o mercado imobiliário no final do ano, afetando o crescimento sustentável do setor, que depende do crédito e da taxa real de juros para manter o regime de uso e crescimento.
À medida que nos aproximamos do último trimestre de 2024, o mercado imobiliário brasileiro enfrenta um cenário de incertezas e mudanças. No início do ano, o crescimento da renda e o fortalecimento do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) apontavam para um futuro promissor, com expectativas de estabilização e evolução sustentável do mercado. O mercado imobiliário parecia pronto para um salto. No entanto, as mudanças conjunturais têm alterado significativamente as perspectivas para o futuro.
Embora o crescimento da concessão de crédito real tenha sido de 5,5% em junho em relação aos 12 meses anteriores, o setor imobiliário enfrenta novos desafios. A economia brasileira está em um momento de transição. O MCMV continua sendo fundamental para o mercado, mas não impulsiona o crescimento do setor da mesma forma que em 2023. O mercado imobiliário precisa se adaptar às novas condições econômicas e encontrar novas oportunidades de crescimento. O mercado está em busca de uma nova dinâmica.
Impacto das Alterações da CVM no Mercado Imobiliário
As mudanças implementadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no regime de uso de títulos privados, como LCI, CRI ou LIG, devem ter um impacto negativo no crédito imobiliário. Embora não haja dados concretos sobre o assunto, é provável que as novas restrições tornem o financiamento imobiliário mais caro e, consequentemente, menos atraente para os consumidores. Isso pode levar a uma diminuição no ritmo de crescimento dessas modalidades de financiamento, que vinham experimentando uma expansão notável nos últimos anos.
O mercado imobiliário é um setor complexo e influenciado por vários fatores, incluindo a economia, a política e a taxa de juros. A falta de credibilidade fiscal do governo pode afetar diretamente o setor, pois mais gasto público pode levar a uma inflação mais alta e, como resposta, a uma taxa de juros mais alta, o que encarece o crédito. No entanto, medidas anunciadas de corte de gastos podem refletir positivamente nos juros e nas expectativas do mercado, impulsionando a compra e venda de imóveis.
O Mercado de Locação e a Economia
O mercado de locação continua aquecido, com uma taxa de crescimento dos aluguéis que passou de 16,2% para 14,9% entre janeiro e junho. Embora a situação nos EUA possa pressionar o IGP-M, um dos índices usados no reajuste dos aluguéis, há boas notícias. O desemprego continua em queda, e a renda teve um incremento de 11,7% em 2023, o maior desde o Plano Real. Isso influencia positivamente a economia e pode ajudar a manter o mercado imobiliário aquecido.
O cenário dos próximos meses é de redução do otimismo, com um crescimento mais moderado no mercado imobiliário. No entanto, é provável que haja uma desaceleração somente no final deste ano ou início de 2025, preparando o setor para um novo ciclo de crescimento sólido, assim que existirem condições para isso. Isso depende, sobretudo, da retomada do processo de redução da Selic, que é fundamental para o crescimento sustentável do mercado imobiliário.
O mercado imobiliário é um setor que está constantemente em evolução, influenciado por fatores econômicos, políticos e sociais. É importante estar atento às mudanças e tendências para tomar decisões informadas e aproveitar as oportunidades que se apresentam. Com uma abordagem sustentável e uma visão de longo prazo, é possível navegar pelas complexidades do mercado imobiliário e alcançar o sucesso.
Fonte: © Estadão Imóveis