Apostas de que ciclo corte de juros começará após dados fortes da economia: inflação medida CPI, formuladores de políticas consideram cortes.
Após a manutenção da inflação nos EUA em março ter surpreendido o mercado, que aguardava por uma desaceleração, as perspectivas de juros em queda a partir de junho sofreram uma reviravolta. As expectativas de diminuição dos juros caíram significativamente, passando de 48,4% na sexta-feira para 20,5% nesta quarta-feira.
Uma reviravolta nas expectativas de taxa de juros pode impactar o cenário econômico global, causando movimentações nos mercados financeiros e influenciando as estratégias de investidores. A incerteza em relação à trajetória dos juros pode trazer volatilidade e desafios para diversos setores da economia.
Aumento da Expectativa de Corte de Juros nos EUA
Recentemente, a expectativa de corte de juros nos EUA vem ganhando força, com 52,6% dos especialistas acreditando que o Federal Reserve começará a implementar reduções a partir de julho. Essa perspectiva é apontada pela ferramenta FedWatch, do grupo CME. O cenário de inflação resiliente tem se destacado, acompanhado por uma série de dados robustos sobre a economia americana, somados aos comentários cautelosos de dirigentes do Fed acerca das próximas decisões de política monetária.
Ryan Sweet, economista-chefe dos EUA da Oxford Economics, considera que essas projeções provavelmente serão recebidas de forma desfavorável pelo Federal Reserve, possivelmente incentivando mais formuladores de políticas a se alinharem com a possibilidade de dois cortes de taxa até o final do ano. A opinião de Sweet é baseada na premissa de que a contenção nas condições do mercado financeiro pode desempenhar um papel relevante no direcionamento das ações do Fed, o que poderia resultar em uma postura mais conservadora do que inicialmente prevista.
O ciclo de corte de juros pelo Fed parece ser iminente, embora a dinâmica do mercado de trabalho e os indicadores recentes de inflação estejam concedendo ao banco central a flexibilidade necessária para adotar uma postura mais cautelosa. A expectativa de redução das taxas de juros ao longo do ano está se fortalecendo, mas avalia-se que, se não houver cortes em junho, a oportunidade de fazê-lo poderia se fechar até setembro, considerando a escassez de dados significativos entre as reuniões de junho e julho que possam alterar as perspectivas do Fed.
Os dados econômicos, especificamente o comportamento do Índice de Preços ao Consumidor (CPI), têm sido um ponto de atenção. O núcleo do CPI tem apresentado alta progressiva de 0,4% ao mês ao longo deste ano, registrando o desempenho mais robusto desde o ano anterior. Ryan Sweet destaca semelhanças marcantes entre a inflação atual e a do ano passado, com ganhos expressivos no início do ano e uma provável moderação na segunda metade.
Setores como habitação, seguros de automóveis, vestuário, energia, cuidados médicos, cuidados pessoais e educação têm contribuído para a pressão inflacionária, evidenciando um quadro de variação de preços em diversas categorias. Contudo, é fundamental ressaltar que, embora o CPI seja relevante, o Federal Reserve tem como foco principal o deflator de gastos com consumo pessoal (PCE). A combinação de indicadores como o índice de preços ao produtor e o CPI será crucial para avaliar o comportamento do deflator do PCE e, consequentemente, orientar as decisões futuras do Fed.
Fonte: @ Valor Invest Globo