O artista carioca Hebert, de Senador Camará (RJ), cria versões pretas do protagonista do Natal, em pintura, colagem e digital, com inspiração funkeira, em série inédita.
Um artista brasileiro vem desenhando Jesus preto há alguns anos, e sua obra não passa despercebida. Com inspiração funkeira, suas criações são únicas e ganham relevância no meio artístico. A inovação da série Jesus preto, com pintura e colagem digital, é um exemplo disso.
Com uma mensagem forte, o artista traz uma perspectiva inovadora à arte sacra. Ao contrário da sua inspiração, as obras não são somente sobre Jesus. São criadas com uma proposta artística, mas sempre com uma forte conexão com o seu senso de estilo funkeiro. Com uma obra que ganha destaque, o artista carioca tem trazido uma inovação ao mundo da arte.
Artista Carioca Recria Imagens de Jesus em Estilo Digital
O artista plástico Hebert Bichara Amorim, conhecido como Artedeft, tem uma inspiração funkeira forte em sua obra. Ele revive a série de Jesus preto, que ganhou viralidade no ano anterior. A mudança de tudo foi quando ele lançou aquela imagem de Jesus preto em 2020, com sete mil likes em um dia. Isso foi um marco para ele, que já levava a arte a sério, mas agora não deixa passar um Natal sem a nova versão de Jesus, da cor das pessoas que ele vê.
Ele explicou que aquela imagem simbolizou tudo o que ele estava imaginando, não tinha computador direito, não tinha placa de vídeo. Chegou um momento que ele teve que deixar sair tudo pra fora. Além das imagens de Jesus preto, há outras de inspiração religiosa, como a capa de Povo de Fé, de Marcelo D2. E trabalhos relevantes, como a exposição sobre funk no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), além de cenários para Toni Garrido e para o prêmio da Música Brasileira.
A técnica de Hebert mistura pinturas e colagens digitais, uma combinação que ele desenvolveu ao longo dos anos. Ele gosta de pesquisar imagens antigas e recriar com nova roupagem, seja recortando, pintando o rosto digitalmente ou pegando uma foto aleatória. O conteúdo inserido, das cores aos personagens, vem das vivências. Hebert Amorim nasceu e se criou na zona oeste do Rio de Janeiro, sendo fã do Flamengo. Uma das experiências mais fortes e contraditórias foram as idas à missa com a avó. Surgiram conflitos, questionamentos sobre as cores das pessoas, a fé, a realidade ao redor.
Ele lembra que por muito tempo pensei que era coisa da minha cabeça, nem eu entendia muito bem o que eu estava fazendo. Na casa da avó, que cuidava dele enquanto os pais trabalhavam, ‘tem muito símbolo, muita imagem, os dogmas da igreja. Eu acho que eu fui mais para igreja do que para a escola’. Os pais de Hebert, no entanto, são umbandistas. A Lapa é bem melhor do que a escola. Na escola ele era aquele cara que as pessoas chamam de turista. Acontecia com Hebert o que rola com muitos jovens periféricos.
Fonte: @ Terra