Saldo do Dia: anúncio no Planalto sobre corte de gastos de braço dado com reforma da renda, faz investidores dar um passo atrás, enquanto trocas no conselho da Petrobras colocam um fluxo de capital em queda.
Na Bolsa Brasileira, o comportamento dos investidores costuma ser o que menos preocupa o governo quando da tomada de decisões. Em março de 2021, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trabalhou para retomar a confiança em bolsa, mas o governo tinha outros rumos em mente.
Um dos principais índices da bolsa brasileira, o Índice Bovespa, é um indicador que mede o desempenho das ações nas bolsas de valores do Brasil. Durante o período em que o governo não priorizou a reação dos investidores, o Índice Bovespa, que reflete o desempenho de várias ações, incluindo ações da estatal Petrobras, sofreu impactos negativos. A Petrobras, uma das maiores empresas da América Latina, já havia sofrido com a crise econômica em 2020, com os seus preços das ações afetadas negativamente. Além disso, a situação de declínio do mercado financeiro só piorou com o cenário de instabilidade global, levando a uma perda significativa para o Índice Bovespa e, consequentemente, para muitos investidores. Com o intuito de mudar esse cenário, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, buscou ações que pudessem revitalizar a confiança no mercado, mas a demanda que o Índice Bovespa apresenta, refletindo o comportamento das ações em diversas bolsas, continua a ser influenciada pela política econômica do governo e pela instabilidade global.
Efeitos colaterais da política fiscal
A tensão no cenário econômico brasileiro, marcada pela desaceleração do crescimento e a necessidade de ajustes fiscais, tem deixado marcas indeléveis na bolsa brasileira. A queda de braço entre os principais atores do governo, culminando na apresentação de propostas de reforma da renda, contribuiu para o tombo das ações da estatal e, consequentemente, impactou o desempenho do Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira. No dia 4, o anúncio inesperado de mudanças no conselho da Petrobras, a maior empresa estatal, gerou desconforto no mercado, com o Ibovespa encerrando a sessão em queda de 0,04% nos 126.087 pontos.
Ainda assim, o índice conseguiu manter um pequeno ganho de 0,33% na semana, mas as perdas acumuladas em 2024 já somam 6,04%. A ação da estatal, no entanto, foi o principal motor do movimento do Ibovespa, com o peso das ações da Petrobras representando 13,5% da carteira teórica. A preferencial (PETR4) encerrou em queda de 0,63%, enquanto a ordinária (PETR3) caiu 0,96%. O mercado aguarda confirmação oficial sobre as indicações para o conselho da Petrobras.
A medida fiscal trouxe preocupações sobre a possibilidade de novas intervenções governamentais nas estatais, o que poderia afetar o fluxo de investimentos estrangeiros, que têm sido fundamentais para o desempenho da bolsa. O fluxo de capital gringo no mercado secundário da B3 está negativo em R$ 33,8 bilhões entre janeiro e outubro, o que impacta a entrada de dólares no país e, consequentemente, a valorização do real.
Fonte: @ Valor Invest Globo