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Investidores internacionais e Faria Lima apoiam ajuste fiscal para equilibrar déficits crônicos e recuperar confiança.
Os investidores estrangeiros e a Avenida Paulista apoiam o fiscalização tributária, não é verdade? Afinal, nações com déficits persistentes e dívidas crescentes eventualmente enfrentarão uma crise de credibilidade, afastando os investidores e gerando desordem econômica.
É fundamental que o governo adote uma postura firme em relação à sua política financeira, garantindo a sustentabilidade econômica e a confiança dos mercados. A implementação de medidas eficazes de ajuste fiscal é essencial para manter a estabilidade e promover o crescimento sustentável.
Ajuste Fiscal e Política Fiscal: Um Desafio Contínuo
Imagine então um país que teve superávit primário pela última vez em 2001 e, nos últimos dez anos, enfrentou déficits crônicos equivalentes a 3,2% do PIB. Quando se analisam as projeções fiscais do FMI para esse país, o que se observa são novos déficits primários ao redor de 3% até 2029, sem nenhum sinal de convergência para o equilíbrio fiscal.
Diante desse cenário de ajuste fiscal desafiador, esses sucessivos déficits elevaram o endividamento. A relação entre a dívida bruta e o PIB desse país aumentou quase 20 pontos percentuais em uma década, e espera-se que suba mais 10 pontos até 2029.
Se um governante desse país sugerisse reduzir impostos sem um plano para cortar os gastos simultaneamente, seria razoável imaginar que os grandes investidores, defensores do ajuste fiscal, considerassem essa abordagem uma loucura, certo? A política fiscal desempenha um papel crucial nesse cenário.
Se esse mesmo governante tivesse um histórico de críticas à independência do Banco Central e clamasse por reduções de juros sem condições técnicas, a situação se complicaria ainda mais. A confiança dos investidores e a estabilidade econômica seriam ameaçadas.
Na teoria, a importância do ajuste fiscal é incontestável. Na prática, porém, a realidade nos Estados Unidos, com seus déficits fiscais sucessivos, apresenta um cenário diferente. O favoritismo de Donald Trump por reduções de impostos e imposição de tarifas não abalou os mercados americanos.
No Brasil, a necessidade de ajuste fiscal é consenso entre agentes econômicos. A mediana do déficit primário desde 2015 foi de 0,80%, e a projeção do FMI indica um possível superávit a partir de 2027. No entanto, a pressão por resultados mais rápidos é evidente.
Enquanto nos EUA há tolerância para déficits prolongados, no Brasil a urgência do equilíbrio fiscal é enfatizada. Com despesas obrigatórias crescendo acima do limite, a sustentabilidade das contas públicas é posta em xeque. O desafio do ajuste fiscal persiste, exigindo medidas concretas e equilibradas para garantir a estabilidade econômica.
Fonte: @ Valor Invest Globo