Demora, erro e insuficiência justificam decepção com pacote fiscal arcebouço desidratado, sem senso de urgência.
O mercado, sensível a mudanças na economia, não consegue engolir o atraso do pacote fiscal, apresentado pelo governo cinco semanas atrasado, afetando diretamente o arcabouço fiscal. A demora na aprovação no Congresso leva a desconfianças sobre as intenções do governo em relação ao mercado.
Para tentar mitigar os efeitos, o governo precisa apresentar um plano mais efetivo, que envolva mudanças significativas em seu pacote fiscal, impactando positivamente nas contas financeiras do governo. Caso contrário, o mercado continuará a sofrer com a falta de clareza, e o governo com as consequências financeiras.
O Pacote Faltou Senso de Urgência e Veio Desidratado
A falta de senso de urgência do governo ao anunciar o pacote fiscal é um dos principais motivos pelos quais o mercado está desapontado, afirma Solange Srour, diretora de macroeconomia para o Brasil no UBS Global Wealth Management. Em entrevista ao NeoFeed, ela destaca que o governo levou muito tempo para anunciar as medidas, e ao fazê-lo, incluiu a proposta de isenção do imposto de renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil, tirando o impacto do anunciado corte de R$ 70 bilhões e ‘queimando’ a pauta do aumento da isenção que todos conheciam – o que deveria ser discutido em outra ocasião.
Reação do Mercado: Decepção e Pacote Desidratado
Segundo a economista, a reação do mercado foi de decepção, pois o governo demorou muito para anunciar as medidas, num cenário global de dólar forte, com a inflação no País subindo, desancorando as expectativas, e o câmbio se depreciando. O mercado estava ansioso para entender qual seria a regra fiscal e quando se faria na planilha para 2026, o limite do teto não era possível de ser cumprido, a despesa discricionária do governo teria de ir para zero. O senso de urgência não foi atendido, e as medidas anunciadas não vão gerar economia e podem obrigar o governo a gerar um pacote muito maior do que foi colocado na mesa.
Erro Estratégico: Isenção do IR e Taxação dos Super-Ricos
O erro estratégico de incluir a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil acabou tirando o impacto do que seria a economia prometida, de R$ 70 bilhões em dois anos. Mesmo tirando a proposta de isenção de IR e criação de taxação dos super-ricos como compensação, o mercado achou as medidas insuficientes para salvar o arcabouço em 2025. Esses R$ 70 bilhões anunciados não correspondem a corte de despesas; no máximo a 60% delas. No pente-fino, tem muita medida administrativa. Havia expectativa de mudanças do seguro-desemprego, na redução de gastos com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no abono salarial para quem ganha até dois mínimos. Nada disso foi atendido, e a demora ainda prossegue para aprovar o pacote no Congresso.
Reação do Banco Central: Taxa Selic e Sinalização de Aumento
A decisão do Banco Central de aumentar a taxa Selic em um ponto percentual e sinalizar que vai aumentar mais dois pontos percentuais nas duas próximas reuniões foi correta ao sinalizar que vai agir duro para controlar a desancoragem da inflação. A reação do mercado foi de expectativa de alta da taxa Selic, e o mercado está ansioso para entender qual será a próxima medida do Banco Central para controlar a inflação.
Fonte: @ NEO FEED