Para Henrique Meirelles, Pedro Jobim e Carlos Carvalho, o desequilíbrio fiscal, dívida pública insustentável e câmbio elevado aumentam as chances de crise, enquanto investidores externos podem mudar o cenário com um modelo diferente, e a compra de importações pode reduzir o impacto das elevações de tarifas.
Com o aumento do pessimismo sobre a economia global, impulsionado pela vitória de Donald Trump na eleição presidencial americana, o Brasil enfrenta uma conjuntura ainda mais desafiadora. A percepção de que o mundo está passando por um momento de grande incerteza e instabilidade reforça o sentimento de pessimismo. Em ambiente desse tipo, a atuação do governo federal será fundamental para mitigar os efeitos negativos e promover a estabilidade.
Diante da deterioração do quadro fiscal brasileiro, o governo federal enfrenta desafios significativos. A situação de desânimo entre os investidores e a população em relação ao futuro econômico do país pode levar a uma perda de confiança nas instituições. É fundamental que o governo adote medidas que promovam o otimismo e incentivem a recuperação econômica. No entanto, se a situação não for bem gerida, pode levar ao desespero e a consequentes problemas sociais e políticos. O governo precisa equilibrar as expectativas com a realidade e implementar políticas que promovam a estabilidade e a segurança econômica do país.
Crise Física Brasileira: O Pessimismo que Tomou Conta do Mercado
A promessa de liberalização das dívidas somadas com investimentos externos pode trazer um alívio passageiro, mas as chances de que as medidas em estudo consigam minimizar o desânimo que se instalou no mercado são bastante baixas. Neste cenário, o crescimento da dívida pública e o provável aumento do câmbio tendem a agravar a crise fiscal brasileira no médio prazo, mantendo o pessimismo como sentimento dominante.
Este cenário foi reforçado por três grandes nomes da economia nacional – Henrique Meirelles, Pedro Jobim e Carlos Viana de Carvalho – que participaram de dois painéis diferentes do Investment Managers Forum, evento promovido pelo banco UBS na segunda-feira, 11 de novembro. A vitória de Trump, com a promessa de elevar as tarifas de importação, deve afetar o comércio global, com impacto no País, reforçando o desânimo diante das perspectivas de crescimento.
O Impacto das Elevações de Tarifas no Brasil
Segundo ele, o Brasil deve sofrer com as consequências da eventual piora da guerra comercial entre EUA e China, cujo modelo de crescimento atual se baseia nas exportações e terá ainda dificuldade de lidar com a retração da economia global gerada pelas tarifas americanas mais elevadas e, como consequência, a alta do dólar. O Brasil será afetado com o aumento das tarifas porque dependemos da exportação de commodities, ou seja, isso apenas reforça a necessidade de o País fazer o dever de casa, com um ajuste fiscal.
A Dívida Pública Insustentável e o FMI
O impacto maior, adverte, é no médio prazo. O crescimento da dívida pública é insustentável, sem dúvida é o maior problema que enfrentamos, diz Meirelles. Ele citou o alerta divulgado recentemente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que trabalha com modelo diferente da equipe econômica quanto ao crescimento da dívida pública. De acordo com o FMI, a dívida pública brasileira está saindo de um patamar de 81% em relação ao PIB para atingir 91% do PIB no próximo mandato presidencial. ‘Os mercados tendem a reagir e isso deve reduzir o apetite de investimento externo no País’, prevê.
Desânimo e Dívida Pública
O resultado da eleição americana também foi visto como decisivo para aumentar o pessimismo com a política fiscal brasileira no segundo painel, que teve participação de dois economistas de mercado: Pedro Jobim, economista-chefe e sócio fundador da Legacy; e Carlos Viana de Carvalho, head de research na Kapitalo Investimentos. Jobim observa que o modelo fiscal adotado pelo governo Lula3 fez subir muito a despesa obrigatória. A limitação de crescimento dos gastos determinado pelo arcabouço fiscal, por sua vez, deixou pouca sobra para as despesas discricionárias, deixando o governo de mãos atadas.
O Brasil, em 2025, estará no caminho errado, de acordo com o modelo de crescimento proposto pelo governo atual, que não consegue lidar com a dívida pública e que só reforça o pessimismo, diz Jobim. Em último caso, se o governo não cortar pela metade a despesa discricionária, isso vai criar um modelo de inversão de capitais que não vai funcionar, acrescenta.
Fonte: @ NEO FEED