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Vírus da poliomielite encontrado em amostras de água, possivelmente em setembro passado, causando paralisia infantil na região afetada.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou hoje, 23, um alerta sobre o poliovírus, responsável pela poliomielite — também chamada de pólio ou paralisia infantil —, que foi identificado em seis amostras em Gaza, área impactada pelo conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas desde outubro do ano passado.
O vírus da poliomielite, conhecido como poliovírus, é o causador da doença que pode levar à paralisia infantil. A detecção do poliovírus em Gaza ressalta a importância da vacinação e do controle de doenças infecciosas em regiões afetadas por conflitos e crises humanitárias. A erradicação da pólio é um desafio global que requer esforços contínuos para proteger as populações vulneráveis.
Poliovírus: O Causador da Poliomielite e a Emergência Global
De acordo com a entidade responsável, o poliovírus não foi encontrado em seres humanos até o momento, e não foram registrados casos de paralisia. No entanto, há um risco significativo de propagação, tanto a nível regional quanto internacional, caso este surto não seja abordado rapidamente. A notificação à entidade foi feita pela Rede Global de Laboratórios da Poliomielite (GPLN) na semana passada, após a identificação de seis isolados circulantes do poliovírus tipo 2 (cVDPV2) em amostras ambientais nas províncias de Deir al-Balah e Khan Younis.
Segundo um artigo publicado na revista Science, a coleta das amostras foi realizada em águas residuais no final de junho, indicando a presença do vírus na região. Essa região tem enfrentado deslocamentos em massa da população e colapso do sistema de saúde devido aos ataques de um grupo terrorista. As amostras foram enviadas para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos para sequenciamento genômico adicional, onde foi constatada uma ligação genética entre elas. Essas amostras também estão relacionadas ao poliovírus tipo 2 que foi identificado em circulação no Egito no segundo semestre do ano passado.
De acordo com a OMS, a análise das alterações genéticas nas amostras sugere que a variante do poliovírus pode ter sido introduzida em Gaza em setembro do ano passado. O cVDPV2, embora não seja a forma selvagem do poliovírus, é uma variante que surge a partir da vacina oral. Esta vacina foi substituída globalmente em 2016 por uma versão com o vírus inativado para reduzir o risco de infecção pelo vírus excretado nas fezes. No entanto, a disseminação desse vírus é altamente perigosa em regiões com baixas taxas de vacinação ou afetadas por conflitos e catástrofes, que comprometem as redes de saneamento.
A situação é agravada pela destruição do sistema de saúde, falta de segurança, obstrução do acesso, deslocamento constante da população, escassez de suprimentos médicos, má qualidade da água e saneamento precário, aumentando assim o risco de doenças evitáveis pela vacinação, incluindo a poliomielite. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, alertou sobre o risco que isso representa para as crianças e como cria um ambiente propício para a propagação de doenças como a poliomielite.
Ghebreyesus ressaltou que, antes do início do conflito, as taxas de vacinação contra a pólio em Gaza eram consideradas excelentes. A poliomielite é a única doença classificada como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC) pela OMS, o que a mantém como uma emergência global desde 2014, o período mais longo desde a criação desse mecanismo em 2005. Essa decisão foi tomada devido ao registro de 68 casos de poliovírus selvagem, que ameaçavam a meta de erradicação global da doença estabelecida pela Assembleia Mundial da Saúde em 1988, quando a pólio causava paralisia em mil crianças por dia.
Fonte: @ Veja Abril