A SSP-SP enviou agentes ao velório, sem explicar a presença, gerando desconforto na comunidade. A corregedoria iniciou diligências para esclarecer a atuação da instituição.
A Polícia Militar se encontra sob escrutínio após a divulgação de vídeos que mostram policiais militares agredindo pessoas em um velório em Bauru, interior de São Paulo, na última sexta-feira. A cerimônia estava sendo realizada para o enterro de dois jovens que morreram em um confronto com a Polícia Militar, na comunidade do Jardim Vitória.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a Polícia está investigando o caso e afirma que a ação da Polícia Militar foi “inadequada”. A Polícia Militar tem sido criticada por sua ação na comunidade, e o incidente em Bauru é apenas o mais recente em uma série de casos que têm gerado controvérsia sobre o uso da força pela Militar.
Velório de jovens mortos em confronto com a Polícia Militar
A Polícia Militar de São Paulo não o esclareceu, mas a presença dos agentes no velório foi motivo de discussão. A SSP-SP informou a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM) ‘para apurar a conduta dos policiais envolvidos e adotar todas as medidas cabíveis’. A Ouvidoria da Polícia Militar lamentou o comportamento dos PMs e determinou a abertura de um procedimento para solicitar à Corregedoria da PM uma apuração rigorosa sobre o caso.
As imagens do local mostram os agentes desferindo golpes com cassetetes e empurrando os familiares. Os policias retiram à força um rapaz de camiseta branca, apesar dos protestos das pessoas. Ele seria o irmão de um dos jovens velados. Antes, uma mulher, também de branco, abraça o rapaz para tentar impedir a ação dos militares. Ela é arremessada com força e cai ao chão.
A advogada Vanessa Mangile, que representa as famílias dos rapazes velados, alega que a confusão começou porque os PMs estariam fazendo um patrulhamento em frente ao local da cerimônia fúnebre. ‘Houve patrulhamento da polícia militar nas imediações do velório, bem como a parada de uma viatura em frente ao local, o que gerou indignação por parte dos familiares dos jovens alvejados na noite anterior’, disse. A presença dos militares teria incomodado os parentes dos rapazes. Iniciou-se uma discussão entre os agentes e os familiares, momento em que os policias decidiram levar algumas pessoas para o plantão policial por desacato, sendo uma dessas pessoas o irmão de um dos jovens que estava sendo velado’, acrescentou a defensora.
Após as agressões, a defesa diz que acompanhou o registro da ocorrência e que registrou o abuso por parte dos PMs. ‘A defesa segue acompanhando as providências’. O velório era realizado para o enterro dos jovens Guilherme Alves, de 18 anos, e Luís Silvestre, de 21. Ambos morreram em um suposto confronto com a Polícia Militar na última quinta-feira, 17, na Comunidade do Jardim Vitória.
De acordo com a SSP-SP, policiais militares faziam uma operação na comunidade do Jardim Vitória ‘quando foram surpreendidos’ pelos suspeitos, ‘que atiraram contra a equipe’. Os PMs, então, teriam revidado. Guilherme e Luiz foram atingidos e ambos morreram no local. Junto com os suspeitos, diz o órgão, foram localizadas drogas e armas, que foram apreendidas. O caso foi registrado pela Delegacia Seccional de Bauru como morte decorrente de intervenção policial, tráfico de drogas, associação para o tráfico, localização/apreensão de objeto e tentativa de homicídio.
As diligências prosseguem pela Polícia Civil em conjunto com a Polícia Militar, por meio de Inquérito Policial Militar (IPM), diz a pasta. O boletim de ocorrência, que o Estadão teve acesso, informa que os três policiais na operação chegaram a disparar 27 vezes contra os rapazes com fuzil. Um dos agentes teria disparado seis vezes, com um fuzil calibre 7.62; outro também efetuado seis disparos com outro fuzil calibre 7.62; e um terceiro militar disparado mais 15 vezes, com um fuzil calibre 5.56.
Fonte: © Notícias ao Minuto