Debates na Rádio Eldorado esqueceram problemas dos cidadãos com necessidades especiais.
De acordo com os dados consolidados do Tribunal Superior Eleitoral, 166 candidatos com deficiência disputaram os comandos de Prefeituras nas eleições realizadas em 2022. A participação desses candidatos é um passo importante na busca por representatividade e inclusão política para as pessoas com deficiência. Contudo, é preciso lembrar que não se trata apenas de garantir o direito de participação dessas pessoas no processo eleitoral, mas sim de garantir a acessibilidade e a inclusão de todos os cidadãos com deficiência nas decisões que afetam a vida das comunidades.
A realidade de muitos municípios brasileiros ainda é marcada por barreiras arquitetônicas, falta de acessibilidade nos transportes públicos e desempenho deficiente da educação inclusiva. Além disso, a saúde da população com deficiência é frequentemente negligenciada, com acessos limitados a serviços de saúde especializados. Por isso, as candidaturas com deficiência devem se concentrar não apenas em prometer mudanças, mas em apresentar propostas concretas para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, garantindo que suas necessidades sejam consideradas em todos os setores da gestão municipal.
Tipos de Deficiência: Um Desafio para a Inclusão
A sociedade brasileira ainda enfrenta desafios significativos para a inclusão das pessoas com deficiência em suas estruturas políticas e sociais. Nas eleições municipais realizadas no último domingo, 27, a existência da população com deficiência nas cidades foi novamente relegada a segundo plano, especialmente no aprofundamento das propostas de candidatos e nas cobranças da sociedade, das instituições e da imprensa.
A Desigualdade de Oportunidades
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, 166 pessoas que declararam ter deficiência disputaram os comandos de Prefeituras, sendo apenas 24 eleitas no primeiro turno e nenhuma no segundo turno. Estatísticas do TSE também mostram que 4.696 candidatos ao cargo de vereador declararam ter deficiência e, desse total, apenas 388 foram eleitos, o que representa 8,27% de pessoas com deficiência eleitas nas câmaras municipais de alguns dos 5.570 municípios brasileiros.
A Invisibilidade da Pessoas com Deficiência
As sabatinas da Rádio Eldorado com os candidatos que disputaram a Prefeitura de São Paulo no primeiro turno tiveram questões voltadas à situação da população com deficiência, feitas por mim a Tabata Amaral e Ricardo Nunes. Nas entrevistas e nos debates, de maneira geral, as pautas específicas do povo com deficiência foram esquecidas, mesmo quando perguntas ou respostas tratavam de diversidade, e os veículos de grande imprensa, emissoras de rádio ou TV, portais de notícias, revistas ou jornais impressos, sequer abordam essa temática ou exigiram profundidade dos candidatos a respeito disso.
A Falta de Visibilidade e a Ética
No segundo turno, na última semana antes da eleição que deu vitória ao atual prefeito na capital paulista, a coluna Vencer Limites no Jornal Eldorado pediu áudios de Boulos e Nunes com informações mais detalhadas sobre propostas para a educação inclusiva porque o assunto era mencionado em apenas um parágrafo dos respectivos planos de governo, mas ambas as campanhas disseram que não havia tempo para essa gravação – que poderia ser feita dentro de um carro em movimento e enviada diretamente pelo WhatsApp. Sendo assim, apenas textos foram mandados e, por respeito aos ouvintes, lidos no ar, na íntegra.
Fonte: @ Nos