MPF investiga conduta de policiais em rodovia Washington Luís após jovem ser baleada na véspera de Natal, em unidade de saúde que oferece assistência, administrada pela Companhia de Concessão.
Em nota, o MPF informou que instaurou o procedimento para apurar a conduta dos policiais envolvidos no caso da jovem baleada na Baixada Fluminense, que deixou a vítima com ferimentos graves, incluindo um tiro na cabeça.
A abordagem ocorreu em 24 de dezembro, na altura da Estrada de Volta Redonda, em Caxias. Segundo o MPF, a jovem, de 26 anos, foi baleada na cabeça durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal. A conduta dos policiais que atuaram na abordagem será investigada com rigor pelo MPF, garantindo que sejam apuradas todas as circunstâncias do caso.
Conduta policial em xeque após disparos contra família
A tragédia que atingiu Juliana Leite Rangel, de 16 anos, ao trafegar com a família pela Rodovia Washington Luís, em Duque de Caxias, deixou sequelas gravíssimas. A vítima foi atingida por disparos dentro do carro, quando se dirigia para casa de parentes em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, para a ceia de Natal. O pai, Alexandre, também foi atingido, mas recebeu alta ainda durante a noite. A família estava com outros quatro familiares e um cachorro de estimação. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) disse que afastou três policiais que faziam patrulhamento no trecho em que os disparos ocorreram e que apura internamente o caso. O caso é investigado pela Polícia Federal e o procedimento instaurado pelo procurador da República, Eduardo Santos de Oliveira Benones, determina que a PF envie o que já apurou sobre o caso.
A PRF apreendeu as armas dos agentes e realizou perícia na manhã desta quarta-feira. Policiais rodoviários federais e familiares das vítimas prestaram depoimento ao longo do dia. O Ministério Público Federal (MPF) reiterou o afastamento imediato das funções dos policiais envolvidos na ação, além do recolhimento da viatura e das armas dos agentes. O órgão também requisitou acesso ao procedimento administrativo instaurado pelo controle interno da Superintendência da PRF, com informações detalhadas sobre o caso e a identificação dos agentes envolvidos.
A Companhia de Concessão Rodoviária Juiz de Fora-Rio foi solicitada a fornecer imagens captadas na noite do dia 24, entre 20h e 22h. Além disso, o procurador solicitou informações sobre a assistência prestada pela PRF à vítima e a seus familiares. O diretor do Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, onde Juliana está internada, foi requisitado a fornecer os boletins médicos e informações atualizadas sobre o estado de saúde da jovem. De acordo com o boletim divulgado pela unidade de saúde, a paciente segue internada no CTI em quadro gravíssimo.
A família estava se dirigindo para casa de parentes em Belford Roxo, também na Baixada, para a ceia de Natal. Testemunhas que estavam no local fizeram vídeos em que afirmam que o tiro partiu de uma viatura da PRF. Os disparos atingiram a traseira do carro, e Juliana estava sentada no banco traseiro com outros familiares. Um dos vídeos gravou a reação do pai de Juliana, Alexandre, momentos após os tiros. ‘Meu Deus do céu, não acredito, [atingiram] minha filha’, disse ele.
A PRF disse lamentar profundamente o episódio e afirmou que presta assistência à família de Juliana. O órgão também vai apurar internamente o caso. O caso aconteceu um dia depois da oficialização de protocolos de uso da força estipulados por um decreto do Ministério da Justiça. Um dos principais pontos da nova norma prevê que não é legítimo o uso de arma de fogo em duas circunstâncias: contra pessoa não ameaçada ou não resistente, e em locais fechados.
Fonte: © Notícias ao Minuto