Baixos salários e precárias condições forçam professores a mudar de carreira, buscando terminar o mês. Baixo salário, escolas esvaziadas, salário quinzenal, turnos de noite. Ensino fundamental, médio, incentivos falhados. Cesta básica familiar, último ajuste salarial, chamado bônus guerra econômica. Sistema Pátria, carnê da Pátria.
Com o dinheiro que recebe a cada quinze dias, Belkis Bolívar consegue comprar apenas uma dúzia de ovos. Nem um centavo a mais. Às vezes, esse valor é o suficiente para cobrir o custo da passagem de ida de ônibus. Belkis é professora na Venezuela, batalhadora e comprometida com sua profissão.
Essa é a realidade enfrentada por muitos professores venezuelanos. Suas lutas e sacrifícios são incansáveis, mas a paixão pela educação os mantém firmes e motivados. Mesmo diante de desafios sem precedentes, esses educadores continuam a inspirar seus alunos e comunidades. A dedicação dos professores na Venezuela é verdadeiramente admirável e merece todo reconhecimento.
Professores na Venezuela enfrentam desafios diários
Os educadores e professores venezuelanos enfrentam uma realidade desafiadora, marcada por baixos salários e condições de trabalho precárias. O exemplo de Belkis, uma professora de Caracas com mais de 30 anos de experiência, ilustra bem essa situação. Trabalhando no turno da noite em uma escola pública, ela recebe apenas 150 bolívares a cada quinze dias, totalizando 300 bolívares por mês, o que equivale a menos de US$ 10 ou cerca de R$ 50.
Diante disso, muitos professores venezuelanos se veem obrigados a buscar formas alternativas de complementar sua renda. Além de dar aulas particulares, como no caso de Belkis, alguns acabam buscando outras ocupações, enquanto outros recorrem à venda de alimentos ou bebidas para garantir um sustento mínimo. A falta de incentivos e o esvaziamento das escolas têm levado a uma profunda crise na educação do país.
O salário médio de um professor na Venezuela é de apenas US$ 21,57 por mês, de acordo com dados do Centro de Documentação e Análise Social da Federação Venezuelana de Professores (Cendas-FVM). Em contrapartida, a cesta básica familiar está avaliada em US$ 535,63, o que torna quase impossível para um educador conseguir arcar com as despesas básicas do lar. O último ajuste salarial ocorreu em março de 2022, evidenciando a falta de valorização da classe docente.
Para tentar contornar a situação, o governo de Nicolás Maduro anunciou um aumento no chamado ‘bônus de guerra econômica’ e no ticket de alimentação, chegando ao equivalente a US$ 100 por mês. No entanto, esse benefício está condicionado à posse do ‘carnê da pátria’, o que levanta críticas sobre possíveis mecanismos de controle.
Diante desse cenário, muitos professores venezuelanos se veem em uma encruzilhada. Alguns consideram abandonar o ensino em busca de oportunidades mais lucrativas, enquanto outros, como Belkis, permanecem por vocação e pelo amor aos seus alunos. A luta pela valorização da educação e dos profissionais que a tornam possível continua a ser uma batalha diária para os educadores na Venezuela.
Fonte: © G1 – Globo Mundo