Springs Global quita dívidas, consolida parque industrial e renegocia com controladas. Quebra de covenants em debêntures da Ammo Varejo segue sem solução.
No começo de março, foi divulgado pelo NeoFeed que a Coteminas estava enfrentando dificuldades que poderiam resultar na perda da Ammo Varejo, sua divisão de varejo de cama, mesa e banho, que engloba as marcas MMartan, Santista e Artex. Diante desse cenário, a empresa precisou iniciar um processo de renegociação para buscar soluções e garantir a continuidade das operações.
Com a necessidade de renegociação em andamento, a Coteminas está avaliando diferentes alternativas, incluindo possíveis processos de reestruturação em sua divisão de varejo. A empresa visa promover uma reorganização interna que possibilite a continuidade das atividades da Ammo Varejo de forma mais eficiente e sustentável. Nesse sentido, o reajuste das estratégias e operações se faz fundamental para garantir a competitividade e a estabilidade do negócio a longo prazo.
Renegociação de Dívidas: Saiba Mais Sobre o Caso Coteminas
Além das dificuldades financeiras da própria Coteminas, o caso envolvia uma emissão de debêntures de R$ 175 milhões, em maio de 2022, estruturada pela Farallon Capital e com garantia atrelada a 100% das ações da rede, que, posteriormente, entrou em default, quebrando covenants (cláusulas restritivas) firmados no contrato.
A sequência dessa história é a divulgação do fato relevante na noite de terça-feira, 2 de abril, pela Springs Global, controladora da Coteminas e da Ammo Varejo, anunciando o pagamento de parcelas de financiamentos, a consolidação do parque industrial e a renegociação de parte da dívida das duas operações.
A companhia informou que concluiu a dação (restituição) em pagamento/venda de ativos não operacionais que reduzem ‘imediatamente’ o seu passivo em R$ 70 milhões. E que está trabalhando para completar a due diligence da venda de outro ativo que levará a uma redução de mais R$ 30 milhões.
Como parte desse processo, a Springs Global anunciou ainda que outras negociações, que envolvem a dação em pagamento de outros ativos não operacionais, no valor aproximado de R$ 100 milhões, estão em curso, com a possibilidade de concretização ao longo das próximas semanas.
Em outra frente, o grupo afirma que concluiu o alongamento de ‘parte relevante’ do seu passivo financeiro de cerca de R$ 500 milhões, para um novo duration de 9,15 anos, com vencimento final em 2033 e custo médio ponderado de CDI+0,03% ao ano. A empresa também informou que desativou plantas industriais, cujos imóveis foram disponibilizados para venda ou arrendamento.
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E ressaltou que a medida está em linha com iniciativas que adotadas em 2023, como a demissão de 1.742 funcionários nas unidades de Montes Claros (MG), Blumenau (SC) e João Pessoa (PB).
Em paralelo, a controladora da Coteminas e da Ammo Varejo disse estar em fase de conclusão da renegociação de acordos com fornecedores que resultaram na redução de capital de giro, de 180 dias para menos de 60 dias. Como resultado desse pacote, a empresa informou que não foi possível apurar os indicadores referentes aos seus balanços do segundo e do terceiro trimestres de 2023.
E ressaltou que, juntamente com suas controladas, não está medindo esforços para concluir esse trabalho, juntamente com os dados do primeiro trimestre de 2024.
Segundo os dados públicos mais recentes do grupo, relativos ao primeiro trimestre de 2023 e divulgados com um atraso de mais de sete meses, a Coteminas apurou um prejuízo de R$ 212,1 milhões, contra uma perda de R$ 64,8 milhões, um ano antes. Entre janeiro e março do ano passado, a receita líquida recuou 55,1%, em base anual, para R$ 171,3 milhões.
A companhia fechou o período com uma posição de dívida líquida ajustada de R$ 672,5 milhões, ante R$ 590 milhões no fim de 2022.
Negociações e Estratégias Adotadas
Apesar do fato relevante extenso, no que diz respeito à captação encampada pela Farallon Capital, a Springs Global se limitou a informar que as debêntures emitidas, assim como emissões feitas pela Coteminas, estão sendo negociadas com os debenturistas pelo não cumprimento de covenants.
Ainda em fevereiro, o NeoFeed apurou que, no caso da Ammo Varejo, a falta de recursos já tinha reflexos em outros elos da operação. Dona de 250 lojas, entre próprias e franquias, a varejista informou a parceiros que estava enfrentando dificuldades na liberação de peças para abastecer essas unidades.
Essa conta apontava para 155 mil mercadorias importadas à espera de liberação, por falta de pagamento, além de outras 436 mil que ampliariam esse ‘estoque’ até o fim de março. Até setembro, o número total de peças já contratadas chegava a 2,25 milhões de peças.
Em reunião com franqueados realizada naquele mesmo mês, a Ammo Varejo ressaltou que, em função das vendas menores, sua capacidade de liberação dos estoques estava reduzida. E que estava estudando junto com sua importadora e instituições financeiras formas de solucionar esse problema.
Na época, procurada pelo NeoFeed, a Ammo Varejo informou que as 155 mil peças já haviam sido liberadas e que as demais mercadorias seriam liberadas gradativamente. E ressaltou que, ao contrário do que divulgou no fato relevante de hoje, havia restabelecido as garantias das debêntures com a Farallon Capital.
Fonte: @ NEO FEED