Aumento de impostos sobre armas e munições é a escolha mais alta em todos os recortes sociais, com mais de 70% de apoio.
Um levantamento recente, conduzido pelo Datafolha, revela que 78% dos brasileiros são favoráveis a um aumento nos impostos sobre armas de fogo e munições, em um contexto de reforma tributária que está em andamento no Congresso Nacional.
Essa tendência é ainda mais acentuada entre as mulheres, onde 81% dos entrevistados concordaram com a medida. Por outro lado, também foi observado um apoio significativo entre os homens, com 74% favoráveis ao aumento. Esses resultados indicam que há um grande apoio popular para uma redução significativa nos impostos relacionados a essas categorias.
População Brasileira Defende Maior Tributação em Materiais Perigosos
Em diversas regiões e classes sociais, mais de 70% dos entrevistados defendem maior imposto para a compra de armas e munições, uma constatação do Instituto Sou da Paz, parceiro da ACT. Este número é surpreendentemente alto, especialmente considerando o aumento do lobby em torno do tema. No entanto, a população não parece disposta a facilitar o acesso às armas e, em vez disso, acha importante aumentar a carga tributária sobre esses produtos perigosos, afirma Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz.
De acordo com ela, o levantamento pode servir como um argumento para que o Senado inclua armas e munições no imposto seletivo no Projeto de Lei Complementar 108, que está tramitando no Congresso Nacional com o objetivo de regulamentar a reforma tributária aprovada no final do ano passado. Carolina destaca que armas e munições foram retiradas do texto original da reforma no ano passado, o que ela atribui ao lobby que exerce pressão sobre os deputados. Ela lamenta que o interesse por trás dessa pressão tenha conseguido tirar esses produtos do imposto seletivo.
Regulamentação Tributária e Armamento
A diretora do Instituto Sou da Paz destaca que ainda é possível incluir armas e munições no imposto seletivo, apesar das dificuldades, e chama a atenção para as emendas sugeridas por ao menos cinco senadores ao Projeto de Lei Complementar 108 para abordar esse tema. Ela enfatiza a importância de incluir esses produtos para proteger a vida de todos, especialmente das mulheres, reforçando que outro estudo do Instituto Sou da Paz indica que metade das mulheres assassinadas no Brasil morrem por armas de fogo. Ela conclui que esse dado de 78% mostra claramente que a população não quer que armas de fogo sejam barateadas.
Opinião Pública e Tributação
A pesquisa do Datafolha entrevistou 2.009 pessoas em todo o Brasil e revelou uma ampla apoiamento à tributação em produtos considerados prejudiciais à saúde. Mais de 82% são a favor da inclusão de cigarros e produtos de tabaco no imposto seletivo, também conhecido como ‘imposto do pecado’, que reúne produtos que afetam negativamente a saúde. Além disso, 81% defendem mais tributação em produtos responsáveis por alta emissão de carbono.
O levantamento também mostra que 78% pede mais impostos a agrotóxicos, enquanto 78% defendem maior tributação em bebidas alcóolicas e alimentos ultraprocessados como salsicha, bolacha recheada e macarrão instantâneo. A mesma porcentagem defende mais impostos sobre bebidas adoçadas como refrigerantes e sucos de caixinha. Sobre combustíveis fósseis, 64% apoiam mais tributação e 64% também apoia mais impostos contra embalagens plásticas.
Fonte: @ Valor Invest Globo