Na Halcyon Gallery, mostra Beyond the brand exibe obras originais da série Ads do pai da pop art, raramente expostas.
Andy Warhol foi um ícone da cultura pop que revolucionou o mundo da arte com suas obras inovadoras e polêmicas. Sua famosa frase ‘No futuro, todos terão seus 15 minutos de fama’ continua a ecoar até os dias de hoje, provando sua relevância e impacto duradouro na sociedade.
Considerado um dos principais representantes da pop art, Andy Warhol foi muito mais do que apenas um pintor e ilustrador. Sua influência ultrapassou os limites da arte tradicional, desafiando convenções e quebrando barreiras. Sua visão vanguardista e sua abordagem única continuam a inspirar gerações de artistas em todo o mundo.
Andy Warhol: O Artista Americano da Pop Art
Fato: Exposições e sucessivas vendas no mercado secundário reforçam a atualidade e o crescente apelo comercial de um dos grandes nomes da pop art – o movimento que, a partir dos anos 1950, apropriou-se de referências e símbolos da cultura de massa e da sociedade de consumo.
Em cartaz na Halcyon Gallery, de Londres, a mostra Beyond the brand exibe criações emblemáticas de Andy Warhol, ao lado de pinturas originais de sua série Ads, raramente expostas. Nelas, o artista explorou a intersecção entre arte e comércio, em gravuras e em um conjunto de dez telas com releituras de anúncios famosos, a exemplo do perfume Chanel Nº 5, de um computador da Apple e de um Fusca.
Explorando a Série Ads de Andy Warhol
Iniciada em 1985, Ads marca o ápice do interesse de longa data de Andy Warhol pelo universo do consumo, em trabalhos situados em uma fronteira tênue entre as linguagens publicitária e artística, escreve o historiador da arte e curador Joachim Pissarro, em um ensaio para a mostra londrina.
‘Esses anúncios irradiavam temas como cosmopolitismo, tecnologia, estrelato no cinema, poder político, elegância e luxo em um vocabulário visual que contrastava fortemente com a produção aparentemente simples, pitoresca, mas encantadora da carreira de grande sucesso de Andy Warhol como ilustrador comercial, ocorrida 30 anos antes’, avalia Pissarro.
O Mercado de Obras de Andy Warhol
O dólar e a sopa Galeria dedicada exclusivamente à produção de Andy Warhol, a Revolver, de Los Angeles, realizou até a semana passada uma venda especial de 100 obras do artista, em parceria com a Artsy, plataforma online voltada ao colecionismo. Com preços a partir de US$ 10 mil, a seleção incluiu trabalhos como a pintura Dollar Sign e The Soup Cans I.
A arte de Andy Warhol é um espelho das mudanças culturais e sociais de seu tempo e seu trabalho não apenas captura a essência da cultura das celebridades e do consumismo, mas também reflete sobre temas sociopolíticos mais profundos’, destaca o galerista Ron Rivlin, da Revolver, em entrevista ao NeoFeed.
Legado de Andy Warhol no Mundo dos Leilões
Andy Warhol está entre os três artistas com mais obras na lista de recordistas em leilões, ao lado de Vincent van Gogh e Pablo Picasso (Crédito: Tate Modern). Na série Ads, o artista explorou a intersecção entre arte e comércio, como a tela com a releitura do anúncio do perfume Chanel Nº 5 (Crédito: Divulgação) Warhol sempre teve interesse pelo universo do consumo (Crédito: Revolver Gallery) A pintura The Dollar Sign reflete a sociedade capitalista da qual Andy Warhol emergiu (Crédito: Revolver Gallery) Criados por Andy Warhol, filmes mudos, como o com o ator Dennis Hopper, reforçam a atração do artista por ícones da cultura de massa (Crédito: Christie’s).
Ambiguidade na Obra de Andy Warhol
Mas o que as tornam tão especiais? Zona de ambiguidade Em conversa com o NeoFeed, Geraldo de Souza Dias, professor do departamento de artes visuais da ECA-USP, observa que Andy Warhol sempre trabalhou com imagens populares, acrescentando uma aura sofisticada a elas. ‘Mas é um comportamento que a gente não sabe decifrar se é cinismo, se é endosso’, afirma.
‘Ele fica sempre numa zona de ambiguidade.’ Doutorando pelo mesmo departamento da ECA-USP, com um trabalho focado sobretudo na produção de Andy Warhol da década de 1970 até a sua morte, Leonardo Nones também aponta um caráter ambíguo na produção do artista, mas de outra ordem.
O Legado de Andy Warhol nas Artes Visuais
‘Ao mesmo tempo em que é o artista, Andy Warhol se coloca ao lado do espectador, que assiste às mesmas estrelas de cinema, emociona-se e estimula-se com esses elementos da cultura’, afirma Nones, ao NeoFeed. Andy Warhol é um personagem constantemente retomado pela indústria do entretenimento que representou em suas obras.
Em 2022, a Netflix exibiu Diários de Andy Warhol, documentário cujo ponto de partida são as anotações pessoais, feitas a partir de 1968, quando o artista levou um tiro, disparado pela feminista radical Valerie Solanas. Em pós-produção, o longa-metragem The Collaboration se debruça sobre a colaboração, nos anos 1980, entre Andy Warhol e o também artista plástico Jean-Michel Basquiat (1960-1988).
Eles serão interpretados, respectivamente, pelos atores Paul Bettany e Jeremy Pope. Os dois foram também protagonistas da peça homônima, encenada em Londres e em Nova York.
O Impacto de Andy Warhol na Arte Contemporânea
Até a semana passada, a Christie’s de Los Angeles abrigou uma mostra dos Screen Tests, uma seleção de oito filmes mudos, que reforça a atração de Andy Warhol por ícones da cultura de massa, como os cantores Lou Reed e Bob Dylan e o ator Dennis Hopper. A exposição era uma amostra do projeto de digitalização dos filmes do artista, tocado pelo Andy Warhol Museum, em parceria com a casa de leilões.
Para Sonya Roth, vice-presidente da Christie’s, a exibição representou uma convergência de cinema, arte e história, com as ‘imagens em movimento’ criadas por Andy Warhol na década de 1960. Imagens que, segundo ela, ‘impactaram para sempre o panorama da arte contemporânea’.
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Fonte: @ NEO FEED