Cesar Lattes dirigiu pesquisas do méson pi, contribuindo significativamente para o desenvolvimento da ciência brasileira, tema central em livro que relembra sua vida científica.
O brasileiro Cesar Lattes, um renomado físico, ganhou destaque por sua contribuição não apenas para a ciência, mas também para o fortalecimento da imagem do Brasil na comunidade científica global. Em uma época em que a ciência era considerada uma conquista exclusiva da Europa e dos EUA, Lattes foi um dos primeiros cientistas brasileiros a conquistar reconhecimento internacional.
Com a educação de base realizada no Colégio Anchieta, em Santos, e com o curso de física na Universidade de São Paulo (USP), Lattes já mostrou o potencial para se destacar. Em 1945, enquanto estudava, ele fundou a Sociedade Brasileira de Física, logo se tornando seu primeiro presidente. Além disso, ele também fundou o Instituto de Física da USP, onde atuou como diretor.
Tecnologia e Descoberta: A Vida de Cesar Lattes
Aos 23 anos, Lattes revolucionou o campo da física atômica com a descoberta do méson pi, um feito impressionante que marcou a sua trajetória como pesquisador. Sua contribuição foi fundamental para o aprimoramento de métodos fotográficos para observação da subpartícula subatômica, demonstrando seu talento como cientista. No entanto, foi apenas o físico inglês Cecil Powell que recebeu o Nobel de Física em 1950, três anos após a primeira observação do méson pi, que Lattes havia descoberto.
As histórias sobre Lattes como um dos nomes mais interessantes da física mundial estão detalhadamente relatadas no livro ‘Cesar Lattes — Uma Vida’, escrito por Marta Góes e Tato Coutinho. O livro foi lançado recentemente pela editora Record, com a colaboração na organização do jornalista Jorge Luis Colombo e da segunda filha de Lattes, Maria Cristina Lattes Vezzan. Marta, uma autora de teatro e jornalista, também escreveu a autobiografia de Fernanda Montenegro e foi indicada ao Prêmio Jabuti por Alfredo Mesquita — Um grã-fino na contramão. Já Tato, com experiência em editoras como Abril e Trip, além da TV Cultura, é atualmente editor de biografias na editora Livros de Família.
A escrita e as pesquisas do livro duraram 13 meses, até setembro, quando foi dado o último toque com a revisão técnica do historiador Heráclio Duarte Tavares. A contribuição de Lattes para o mundo é o méson pi, mas para o Brasil, ele ultrapassou a subpartícula atômica. Ao longo da vida, o físico empregou seu prestígio para desenvolver a ciência brasileira, como mostra Marta e Tato em um trabalho de pesquisa impecável, realizado no Brasil, Inglaterra e Itália. Ele é reconhecido como o principal articulador para a institucionalização da pesquisa científica no país, com a criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A plataforma ‘Currículo Lattes’, lançada em 1999, é um padrão nacional de registro da vida pregressa e atual dos cientistas brasileiros e do exterior, adotada pela maioria das instituições de fomento, universidades e institutos de pesquisa do país. Esse padrão de registro é uma homenagem ao paranaense.
‘[Lattes] É um grande homem e um grande patriota. Conheço-o há longos anos, e as descobertas que fez e as que certamente fará futuramente o colocam em posição privilegiada no mundo da pesquisa nuclear. É um moço que honra o Brasil e está fazendo muito por sua pátria. Poderia estar trabalhando em qualquer país do mundo, mas, às muitas ofertas que recebeu, preferiu ficar em sua terra e treinar um grupo de cientistas, para que o Brasil, em futuro próximo, consiga se destacar na área científica.’
Fonte: @ NEO FEED