Especialistas avaliam que mudança na jornada ajuda no descanso e diminuição da ansiedade e do burnout, além de melhorar ambiente, produtividade e engajamento.
Em um contexto cada vez mais complexo, a discussão sobre a saúde dos trabalhadores desenvolve-se em torno de questões como a saúde mental e a qualidade de vida. A escala 6×1, que impõe um regime de trabalho intensivo, é um dos temas mais polêmicos. Profissionais que exercem esse regime de trabalho frequentemente se queixam de problemas de saúde mental, como a ansiedade e o burnout, resultado de um esgotamento físico e mental.
A PEC que visa alterar a escala 6×1 tem um objetivo claro: garantir uma melhor qualidade de vida para os trabalhadores, reduzindo o estresse e o cansaço crônico. Ao focar a atenção na saúde mental, a proposta não apenas busca beneficiar os trabalhadores, mas também potencializar o bem-estar dos cidadãos, uma vez que profissionais de saúde e cuidados sociais, entre outros, sejam capazes de desempenhar suas funções com mais eficiência e satisfação. Com o tempo, essa mudança pode influenciar positivamente a saúde do país como um todo.
O Impacto da Jornada de 6×1 na Saúde e Produtividade
Especialistas ouvidos por VEJA enfatizam que a redução do tempo de trabalho pode trazer benefícios que transcendem a saúde geral, afetando positivamente a produtividade e o engajamento dos profissionais. Esses fatores são fundamentais para uma discussão entre os parlamentares, considerando a saúde como um aspecto central.
A jornada de seis dias tem consequências graves para aumentar o burnout e reduzir a produtividade, impactando particularmente as profissões que têm menos tempo de descanso e enfrentam pressão constante. ‘A pressão de ir ao limite aumenta as taxas de burnout’, explica Diego Burger, professor da pós-graduação em segurança psicológica do grupo educacional Human SA. Além disso, a situação é agravada pelo trabalho que invade a casa dos profissionais, especialmente devido ao uso de smartphones. ‘As pessoas estão sentindo que estão descansando menos e não conseguem desligar’, o que torna mais óbvia a importância do tempo de descanso de qualidade para a saúde mental.
Burger defende que um esquema de sete horas diárias em cinco dias por semana já seria capaz de promover mudanças de hábitos que protegem a saúde mental dos trabalhadores. ‘O ser humano é capaz de se adaptar, mas, quando a gente entende o direito à felicidade, deveria discutir as empresas que estão adotando esquemas 4×3’, como o exemplo dado do colaborador tendo tempo para exercícios físicos, almoçar e jantar.
A proposta de Emenda à Constituição, apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), visa reduzir a cobrança de impostos de empresas que adotam jornadas de trabalho mais reduzidas. Como exemplo, o modelo 4×3, que consiste em quatro dias de trabalho e três de folga, tem sido apontado como uma alternativa eficiente. O modelo 4 Day Week, organização global fundada em 2019, já apresentou resultados positivos em experiências internacionais, como o programa-piloto realizado no Brasil entre janeiro e junho deste ano. Os resultados incluem aumento na capacidade de cumprir prazos, aumento de energia para realizar tarefas, redução no estresse e exaustão no trabalho, e melhora na saúde física.
A parte financeira também foi positiva, com 72% das empresas participantes relatando aumento na receita durante o período. Além disso, o modelo 4×3 pode trazer benefícios para o empregador, como redução de custos com demissão e contratação de funcionários, além de maior fidelização e satisfação com o trabalho.
Fonte: @ Veja Abril